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ELIANE CANTANHÊDE
As "vítimas"
BRASÍLIA - As duas campanhas já
disputaram Lula versus Fernando
Henrique; passaram a Erenice versus Paulo Preto; e estão na fase da
vítima Dilma Rousseff versus a vítima José Serra. E tem até eleitor estudado e tarimbado caindo nessa.
Quanto mais Lula bate na tecla
de que há uma "campanha difamatória" contra Dilma, mais ele atiça o
lado briguento da velha militância
do PT. Daí a atacarem uma passeata tucana no Rio e golpearem o adversário Serra na cabeça foi um pulo. Lula deveria pensar melhor, senão por prudência e responsabilidade, pelo menos por pragmatismo: uma agressão assim não ajuda
sua candidata.
Há todo empenho para repetir
com Dilma a estratégia da vitimização sempre presente nas campanhas e na publicidade pró-Lula.
Mas uma coisa é Lula falar em
"campanha difamatória" contra
Dilma, outra, bem mais concreta, é
Serra levar uma bandeirada ou algo
que o valha na testa em pleno exercício democrático de fazer campanha numa rua do Rio.
"Se dependesse do Palocci, era
porrada pura. Com essa cara de
bonzinho, ele faz e a gente leva a fama", brincou o marqueteiro de Dilma, João Santana, sobre a estratégia para debates e TV. Como toda
brincadeira tem um fundo de verdade, muito militante pode levar ao
pé da letra e partir para a "porrada", reavivando a lembrança do velho jeito petista de ser, antes do jeito petista de governar. Um prato
cheio para a propaganda tucana.
O que Lula, Santana e Palocci fazem, basta um punhado de militantes enlouquecidos para desfazer. O
risco é a bandeirada em Serra anular o intenso trabalho para carimbar Dilma como vítima de uma imprensa perversa, de uma oposição
sanguinária, de uma internet dominada por tucanos descontrolados.
Vítima por vítima, o PT pode der
dado de bandeja -ou de bandeira- a chance de Serra dizer que
mais vítima é quem, literalmente,
apanha na rua.
elianec@uol.com.br
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