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FERNANDO RODRIGUES
A fraqueza do homem forte
BRASÍLIA - O futuro ministro da Ca
sa Civil, José Dirceu, negociou durante semanas com o PMDB a entrada
desse partido no governo Lula.
Anteontem, Dirceu e o presidente
do PMDB, deputado Michel Temer,
anunciaram ter chegado a um acordo. Não revelaram em público o teor
do acerto, mas assessores de ambos se
ocuparam de vazar tudo para a imprensa com riqueza de detalhes.
Caberiam ao PMDB dois ministérios no governo Lula: Minas e Energia e Integração Nacional. Em troca,
os peemedebistas anunciariam apoio
oficial dos seus 74 deputados e 20 senadores a favor da administração
petista em 2003.
Dirceu fez uma ressalva pública. A
palavra final seria do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Uma
formalidade necessária num regime
presidencialista.
Ontem, a novidade. Lula anunciou
um nome do próprio PT, Dilma
Rousseff, para o Ministério das Minas e Energia. Implodiu o acordo preliminar entre Dirceu e Temer.
Apesar da ressalva pública feita por
Dirceu sobre a palavra final ser de
Lula, o futuro chefe da Casa Civil sai
enfraquecido do episódio.
Não que Dirceu não mereça mais o
título de homem forte do governo Lula. Mas ficou evidente que certas negociações serão inúteis com ele ou
com qualquer outro integrante da
administração lulista.
Ninguém mais se esforçará durante
dias ou semanas para acertar alguma estratégia política com José Dirceu. Seria um trabalho sem serventia.
O futuro ministro da Casa Civil, como se vê, sempre corre o risco de ser
desautorizado por Lula.
O episódio também revela um estilo
próprio de Lula para negociar certos
nacos de seu governo. Hoje, no auge
da popularidade, talvez calcule ser
possível atrair os peemedebistas no
varejo do Congresso, um a um. Pode
ser. Mas não custa lembrar que FHC
deu três ministérios ao PMDB e nunca teve mais do que 70% dos votos
desse partido, talvez o mais ambivalente de todos na política nacional.
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