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FERNANDO RODRIGUES
Começa o teatro
BRASÍLIA - Lula recebe hoje mais
de 20 governadores e as cúpulas dos
11 partidos da maior coalizão política formal montada no pós-ditadura
militar (1964-1985). Apresentará o
seu PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), com toda pompa
e circunstância.
Posto de maneira crua, o governo
do petista será considerado um fracasso se o país crescer num ritmo
apenas igual ou menor do que no
período de 2003 a 2006.
Crescer só um pouco acima da
sua média também será insuficiente. Lula sabe. Ficaria naquela "zona
da pasmaceira", como os amantes
do futebol classificam os times que
não são campeões, não se classificam para torneios importantes,
mas também não são rebaixados.
Em geral, essas equipes trocam de
técnico e renovam os seus jogadores no período seguinte.
Lula sempre foi um político de
sorte. A estrela presidencial deve
ser considerada nas chances de sucesso do PAC. Em resumo, é quase
uma questão de torcida. Até porque
não há ciência capaz de prever se as
medidas anunciadas hoje serão eficazes para fazer o país crescer de
maneira acelerada.
Corre em uma raia paralela o manejo político do governo. Em 2005,
com alguns gatos pingados querendo tirar uma casquinha de sua administração, Lula acabou enredado
no escândalo do mensalão. Agora,
há muito mais bocas a serem alimentadas. O risco aumenta.
Nada indica, dentro do Congresso, que a relação fisiológica entre
Executivo e Legislativo tenha mudado. Andar por aqueles corredores
dá uma sensação nítida de "é apenas uma questão de tempo".
O anteparo é o crescimento. Eleitor com dinheiro no bolso releva as
crises éticas. No primeiro mandato,
a fórmula foi o Bolsa Família. Atendeu aos pobres. Deu certo. Faltava
mimar a classe média, empresários,
nacionalistas em geral. Criou-se o
PAC. Simples assim.
frodriguesbsb@uol.com.br
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