São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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Editoriais

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Moda esquálida

TEM SIDO recorrente o debate acerca dos corpos magros de modelos em desfiles de moda. O tema parece obedecer ao padrão cíclico dessa indústria, alternando temporadas de maior e menor visibilidade. A gravidade dos danos físicos e psicológicos provocados pela imposição de um figurino descarnado a mulheres tão jovens, no entanto, recomenda que se supere esse ritmo oscilante de atenção.
Na Espanha, há alguns anos, chegou-se ao extremo de proibir mulheres com índice de massa corpórea inferior ao considerado saudável. "Três coleções atrás, no auge do pânico antianorexia, as pessoas pesavam as modelos", explicou a "top model" Aline Weber, 21, nesta semana. "Agora, a poeira baixou."
A impressão de muitos estilistas e do público especializado é que na atual temporada a tendência a exibir corpos magros radicalizou-se. É impossível localizar a origem exata do fenômeno. Criadores brasileiros, reunidos na São Paulo Fashion Week, que termina hoje, dizem seguir parâmetros consagrados pelo mercado internacional. Suas modelos já trariam o perfil esquálido de temporadas em outros continentes, eles alegam.
O empresário Paulo Borges, diretor do evento paulistano, afirma ter enviado cartas aos organizadores das principais semanas de moda do mundo alertando para a magreza das manequins na atual temporada. Segundo ele, "para mudar esse padrão estético que se espalha pelo mundo", seria necessário "ir ao topo da pirâmide da moda".
Certamente, mas isso não exime estilistas e empresários brasileiros de sua responsabilidade na propagação de uma imagem que, embalada em glamour, seduz adolescentes e gera transtornos psicológicos e físicos. Se a tendência de emagrecimento continuar, é a própria indústria da moda que se verá cada vez mais questionada.


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