|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Moda esquálida
TEM SIDO recorrente o debate
acerca dos corpos magros
de modelos em desfiles de
moda. O tema parece obedecer
ao padrão cíclico dessa indústria,
alternando temporadas de maior
e menor visibilidade. A gravidade dos danos físicos e psicológicos provocados pela imposição
de um figurino descarnado a mulheres tão jovens, no entanto, recomenda que se supere esse ritmo oscilante de atenção.
Na Espanha, há alguns anos,
chegou-se ao extremo de proibir
mulheres com índice de massa
corpórea inferior ao considerado
saudável. "Três coleções atrás,
no auge do pânico antianorexia,
as pessoas pesavam as modelos",
explicou a "top model" Aline
Weber, 21, nesta semana. "Agora,
a poeira baixou."
A impressão de muitos estilistas e do público especializado é
que na atual temporada a tendência a exibir corpos magros radicalizou-se. É impossível localizar a origem exata do fenômeno.
Criadores brasileiros, reunidos
na São Paulo Fashion Week, que
termina hoje, dizem seguir parâmetros consagrados pelo mercado internacional. Suas modelos
já trariam o perfil esquálido de
temporadas em outros continentes, eles alegam.
O empresário Paulo Borges, diretor do evento paulistano, afirma ter enviado cartas aos organizadores das principais semanas
de moda do mundo alertando para a magreza das manequins na
atual temporada. Segundo ele,
"para mudar esse padrão estético que se espalha pelo mundo",
seria necessário "ir ao topo da pirâmide da moda".
Certamente, mas isso não exime estilistas e empresários brasileiros de sua responsabilidade
na propagação de uma imagem
que, embalada em glamour, seduz adolescentes e gera transtornos psicológicos e físicos. Se a
tendência de emagrecimento
continuar, é a própria indústria
da moda que se verá cada vez
mais questionada.
Texto Anterior: Editoriais: Reflexo regional Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Mochila vazia Índice
|