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GRADUALISMO MANTIDO
O Banco Central frustrou o
mercado ao promover redução
dos juros abaixo da expectativa. A taxa básica foi cortada de 18,75% para
18,50% ao ano. Esperava-se corte de
meio ponto percentual. O desapontamento com o conservadorismo do
BC é compreensível.
O Brasil continua com um dos juros mais altos do mundo, atrás da
Polônia e da Argentina, país que enfrenta profunda recessão e agitação
política. Além disso, o sacrifício que
a política monetária impõe à sociedade é imenso. Para ter uma idéia,
mesmo essa tímida diminuição da
taxa representará economia de mais
de R$ 800 milhões no pagamento
dos juros da dívida pública.
A explosão da dívida tem sido o
preço da estabilidade. Para manter a
inflação sob controle, o governo segura o crescimento com os juros. Os
juros realimentam a dívida interna,
que em termos nominais passou de
menos de R$ 60 bilhões a mais de R$
600 bilhões nos oito anos de Real.
A lógica perversa dessa política é
que a defesa do real no curto prazo
implica o comprometimento do
ajuste fiscal no futuro. Isso significa
que a estabilidade da moeda continuaria dependendo dos juros elevados. A decisão de anteontem não interrompe esse círculo vicioso.
A frustração do mercado também
tem origem na análise de que a melhora das perspectivas da economia
americana poderia ter permitido atitude menos cautelosa do BC.
A influência do cenário externo é
reconhecida pela autoridade monetária. Afinal, a maior entrada de dólar
resultante de eventual aumento das
exportações contribuiria para reduzir a pressão inflacionária, na medida em que evitaria a desvalorização
da moeda e a consequente alta dos
preços dos insumos importados.
Embora um corte mais expressivo
dos juros fosse desejável, não deixa
de ser positivo o fato de que o gradualismo na redução das taxas, inaugurado em fevereiro, tenha sido preservado. O importante, agora, é
manter a tendência.
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