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MARGEM DE MANOBRA
Foi um governador com uma
desconhecida faceta pouco
transparente o Geraldo Alckmin que
emergiu de uma reportagem publicada ontem por Xico Sá nesta Folha.
Diferentemente do que havia anunciado, o governo de São Paulo não incluiu nas despesas com segurança
pública previstas para este ano uma
quantia extra de R$ 150 milhões. O
dinheiro seria relativo à metade do
que o governo deixou de gastar com
o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep).
A história remonta a julho de 2001,
quando o governador tucano regulamentou o decreto que extinguiu a
contribuição do Estado ao Pasep.
Muitos interesses foram contrariados, mas Alckmin conseguiu aprovar a regra ao garantir aos deputados
que, em compensação, metade dos
recursos do programa seria canalizada para o combate ao crime. A oposição, agora, cobra essa promessa.
Sem estar incorporado ao orçamento da Secretaria de Segurança, o
dinheiro pode ser gasto em qualquer
outra área, o que daria maior margem de manobra na execução do orçamento estadual.
O Palácio dos Bandeirantes nega a
intenção, mas não convence seus críticos. Informa que o repasse será feito por meio do Fundo de Incentivo à
Segurança Pública, onde o dinheiro
está reservado. Por lei, no entanto,
apenas 10% desse fundo será obrigatoriamente destinado às secretarias
da Segurança Pública e da Educação,
para reforçar programas de combate
à violência nas escolas.
Ao desatrelar a verba da despesa
para a qual ela foi aprovada, Alckmin
parece se espelhar na atitude do governo federal em relação à CPMF.
Criado para financiar a saúde, o "imposto do cheque" tem sua arrecadação destinada a vários setores.
Se o governo deseja um orçamento
mais flexível, seria mais adequado
tentar obtê-lo abertamente.
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