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ELIANE CANTANHÊDE
Arrastão
BRASÍLIA - Primeiro, José Serra uniu o PSDB. Agora, tenta unir o PMDB.
Depois, por que não o PFL?
Ninguém mais ouve falar em "plano B" para a candidatura tucana.
Nem Tasso Jereissati, que pode até
surpreender como figura importante
da campanha de Serra, nem Aécio
Neves, que também fechou. O candidato tucano é Serra e acabou-se.
No PMDB, Itamar Franco, com toda a sua simbologia de ex-presidente,
acaba de fechar a porta da sua própria candidatura e de abrir a de diálogo com Serra. Apesar de FHC.
A cúpula (Michel Temer e Geddel
Vieira Lima, por exemplo) apóia Serra desde muito tempo. Os "éticos",
como o virtual vice Jarbas Vasconcelos, também. Se falta uma parte expressiva do PMDB, pode deixar de
faltar rapidamente. Serra abriu canais com Orestes Quércia, adversário
histórico dos tucanos, e até com Roberto Requião, o opositor dos opositores do governo FHC.
É possível uma aliança com Serra?
"É difícil. Mas, em cima de programa, sempre é possível conversar", diz
Requião. Precisa mais?
O passo seguinte é o PFL, que está
em crise. Como velho militante de esquerda, Serra mantém o ranço de
que o inimigo nš 1 é "a direita". Mas
ele não pode negar o que nem o PT
nega: o PFL é o parceiro mais confiável na rotina de negociações no Congresso. Acertou, cumpriu.
Todo mundo sabe que o PFL não
sobrevive sem governo. Poucos, porém, sabem o que já é quase uma lenda parlamentar: nenhum governo
sobrevive no Brasil sem o PFL.
Depois do PSDB e do PMDB, vão
pingar o PPB e, talvez, o PTB. No final, dificilmente Serra vai desprezar
o PFL. Ou, pelo menos, o "núcleo duro" do partido: Bornhausen, Marco
Maciel, José Jorge, José Agripino
Maia. Eles estão profundamente magoados, mas também sem espaço.
Tudo isso posto, soa a voz de FHC
ao fundo, como provocação, premonição ou mera praga: há muita gente
"condenada" a votar no Serra.
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