|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCELO BERABA
Suspense no Rio
RIO DE JANEIRO - É evidente a tensão que tomou conta da administração estadual às vésperas de o governador Anthony Garotinho se desincompatibilizar para a disputa presidencial. Os ataques ao PT eram esperados, mas a grosseria com os jornalistas é dispensável.
O governador ficou irritado ontem
quando um repórter quis saber se era
verdade que o PSB lhe tinha dado até
junho para alcançar 20% nas intenções de voto. Talvez a irritação venha
do fato de que muitos ainda duvidam de que ele vá manter a candidatura a presidente até o fim.
Já não resta dúvida de que ele deixará o governo daqui a duas semanas. O partido alugou casa para a
sua família, os secretários estão limpando as gavetas, e o próprio governador tem reiterado sua decisão.
Mas dentro do próprio PSB existe
resistência à candidatura depois que
o TSE decidiu exigir coligações verticais. As objeções são compreensíveis.
Uma parte dos socialistas teme que a
candidatura própria afunde o plano
de fazer uma bancada respeitável na
Câmara e no Senado.
O governador pensa diferente.
Acha que sua candidatura não só
tem chances de vitória como ajudará
a eleger uma bancada maior do que
se não estivesse colocada. Ontem ele
caprichou na ênfase: "Sou candidato
a presidente da República e, como dizem os franceses, c'est fini".
O governador não deveria estar tão
impaciente. Ele deixa o governo com
ótima avaliação da sua administração, principalmente entre os mais pobres. E a última pesquisa Datafolha
registra 15% de intenção de votos para presidente, um índice alto e que
vem crescendo desde novembro.
A frustração, se provocada apenas
pela decisão extemporânea do TSE,
justifica-se parcialmente, porque o
governador e o PSB, sem as amarras
agora impostas, tinham pela frente
um cenário bastante favorável. O
quadro mudou. Por isso mesmo, este
talvez seja o momento de mais calma
e cabeça fria.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Arrastão Próximo Texto: José Sarney: Os dez anos de Menem Índice
|