São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 2002

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MARCELO BERABA

Suspense no Rio

RIO DE JANEIRO - É evidente a tensão que tomou conta da administração estadual às vésperas de o governador Anthony Garotinho se desincompatibilizar para a disputa presidencial. Os ataques ao PT eram esperados, mas a grosseria com os jornalistas é dispensável.
O governador ficou irritado ontem quando um repórter quis saber se era verdade que o PSB lhe tinha dado até junho para alcançar 20% nas intenções de voto. Talvez a irritação venha do fato de que muitos ainda duvidam de que ele vá manter a candidatura a presidente até o fim.
Já não resta dúvida de que ele deixará o governo daqui a duas semanas. O partido alugou casa para a sua família, os secretários estão limpando as gavetas, e o próprio governador tem reiterado sua decisão.
Mas dentro do próprio PSB existe resistência à candidatura depois que o TSE decidiu exigir coligações verticais. As objeções são compreensíveis. Uma parte dos socialistas teme que a candidatura própria afunde o plano de fazer uma bancada respeitável na Câmara e no Senado.
O governador pensa diferente. Acha que sua candidatura não só tem chances de vitória como ajudará a eleger uma bancada maior do que se não estivesse colocada. Ontem ele caprichou na ênfase: "Sou candidato a presidente da República e, como dizem os franceses, c'est fini".
O governador não deveria estar tão impaciente. Ele deixa o governo com ótima avaliação da sua administração, principalmente entre os mais pobres. E a última pesquisa Datafolha registra 15% de intenção de votos para presidente, um índice alto e que vem crescendo desde novembro.
A frustração, se provocada apenas pela decisão extemporânea do TSE, justifica-se parcialmente, porque o governador e o PSB, sem as amarras agora impostas, tinham pela frente um cenário bastante favorável. O quadro mudou. Por isso mesmo, este talvez seja o momento de mais calma e cabeça fria.


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