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O PT pensa em si próprio
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Afinal, plagiando Freud, o
que quer o PT?
Itamar Franco se entrincheirou em
Minas Gerais e prepara sua candidatura a presidente. Leonel Brizola presta um serviço ao PFL e prega a renúncia de FHC. E o PT? O PT está quieto.
Há muito de tática e estratégia no
silêncio petista. O PT está pensando
no médio e no longo prazo.
Maior partido oposicionista do país,
o PT tem a poderosa quarta maior
bancada da Câmara. Governa três Estados. É, de longe, o partido com a militância mais articulada dentro do
oceano de legendas do país.
Parte da classe média vota no PT,
principalmente nos grandes centros. A
última coisa que a direção petista deseja agora é ser tachada de oposição
sem proposta. Por isso o silêncio.
"Nós achamos que a crise não está
resolvida. O modelo econômico do governo causará uma recessão gravíssima e haverá um repique de crise mais
adiante", diz o presidente do PT, o deputado José Dirceu.
E se a crise não for profunda a ponto
de desestabilizar o governo?
Fala José Dirceu: "Tudo bem. Médio
prazo pode ser três anos. No curto prazo, derrubar o Fernando Henrique é
colocar no poder o ACM ou o Marco
Maciel, e isso nós não queremos. O PT
já fez o movimento por eleições diretas
para outros assumirem. Agora, queremos o poder para nós".
Tudo bem. Mas conquistar o poder
para fazer o quê? O problema do PT é
não oxigenar suas propostas. Está longe de trilhar o caminho da centro-esquerda européia, como a Terceira Via,
do inglês Tony Blair, e o Novo Centro,
do alemão Gerhard Schroeder.
Essa encruzilhada ideológica também é uma razão do silêncio petista.
No mundo globalizado, não há muita
alternativa ao que tenta fazer hoje o
governo FHC. O PT sabe disso.
A vantagem comparativa que o PT
tem com relação a outros partidos
-ser uma agremiação com muito menos corrupção do que a média- se esvai quando o debate é sobre governar.
É por isso que os petistas apostam
tudo nos três Estados comandados por
governadores do partido. É a única
chance de o PT emplacar em 2002.
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