|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Machismo
RIO DE JANEIRO - O machismo
saiu de moda. As mulheres não
usam espartilhos, os homens não
usam ceroulas. Entretanto o machismo produziu, ao longo dos séculos, um arsenal de argumentos
que continuam dando caldo. Relendo o filósofo Schopenhauer, espantei-me com os trechos que havia sublinhado. Transcreverei alguns.
Não os endosso. São conceitos de
outra época. Aí estão eles:
"O simples aspecto da mulher revela que não é destinada nem aos
grandes trabalhos intelectuais ou
materiais. Conservam-se a vida toda uma espécie de intermediárias
entre a criança e o homem. A natureza recusando-lhes a força, deu-lhes a astúcia para lhes proteger a
fraqueza: de onde resultam a instintiva velhacaria e a invencível
tendência à simulação do sexo feminino".
"O leão tem os dentes e as garras.
O elefante e o javali, as presas; o polvo, a titã; a cobra, o veneno. A natureza deu à mulher para se defender apenas a dissimulação. Esta faculdade supre a força que o homem tira do vigor de seus músculos e de sua inteligência".
"Os homens entre si são naturalmente indiferentes. As mulheres
são, por índole, inimigas. Isso provém da rivalidade que, no homem,
só se destina aos da mesma profissão. Nas mulheres, todas elas são rivais umas das outras, pois todas
têm a mesma profissão e buscam o
mesmo fim".
Elas são até mais aptas do que os
homens para aprender o lado técnico das artes, e mais constantes e dedicadas no aprendizado. Taí, em linhas gerais, o pensamento de Schopenhauer. Discordo dele: nem o homem nem a mulher foram feitos
para produzir obras definitivas no
campo das artes ou do consumo
mercadológico. Somos todos da
mesma massa. De minha parte, folgo que haja mulheres, diferentes de
mim na cabeça, no tronco e, principalmente, nos membros.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Questão de afinidade Próximo Texto: Antônio Ermírio de Moraes: A violência no campo Índice
|