São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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CARLOS HEITOR CONY

Machismo

RIO DE JANEIRO - O machismo saiu de moda. As mulheres não usam espartilhos, os homens não usam ceroulas. Entretanto o machismo produziu, ao longo dos séculos, um arsenal de argumentos que continuam dando caldo. Relendo o filósofo Schopenhauer, espantei-me com os trechos que havia sublinhado. Transcreverei alguns. Não os endosso. São conceitos de outra época. Aí estão eles:
"O simples aspecto da mulher revela que não é destinada nem aos grandes trabalhos intelectuais ou materiais. Conservam-se a vida toda uma espécie de intermediárias entre a criança e o homem. A natureza recusando-lhes a força, deu-lhes a astúcia para lhes proteger a fraqueza: de onde resultam a instintiva velhacaria e a invencível tendência à simulação do sexo feminino".
"O leão tem os dentes e as garras. O elefante e o javali, as presas; o polvo, a titã; a cobra, o veneno. A natureza deu à mulher para se defender apenas a dissimulação. Esta faculdade supre a força que o homem tira do vigor de seus músculos e de sua inteligência".
"Os homens entre si são naturalmente indiferentes. As mulheres são, por índole, inimigas. Isso provém da rivalidade que, no homem, só se destina aos da mesma profissão. Nas mulheres, todas elas são rivais umas das outras, pois todas têm a mesma profissão e buscam o mesmo fim".
Elas são até mais aptas do que os homens para aprender o lado técnico das artes, e mais constantes e dedicadas no aprendizado. Taí, em linhas gerais, o pensamento de Schopenhauer. Discordo dele: nem o homem nem a mulher foram feitos para produzir obras definitivas no campo das artes ou do consumo mercadológico. Somos todos da mesma massa. De minha parte, folgo que haja mulheres, diferentes de mim na cabeça, no tronco e, principalmente, nos membros.


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