São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2001

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O BNDES E A CRISE

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai dar prioridade aos investimentos que enfrentem a crise de energia. Para isso, pretende, por exemplo, encurtar o tempo de análise dos projetos e elevar sua participação para mais de 50%.
O presidente do BNDES, Francisco Gros, afirmou ao jornal "Valor Econômico" que irão surgir todos os tipos de pleitos -como juros subsidiados, isenções fiscais ou dinheiro doado-, mas que as soluções serão buscadas sem envolver o Tesouro.
Parece que o governo resolveu finalmente acordar para a necessidade de aumentar o ritmo de investimentos em energia. Apesar de tardia, essa é uma boa notícia.
O BNDES precisa mostrar um certo grau de flexibilidade para enfrentar a crise energética. O banco tem como regra geral de atuação estabelecer limites, que variam de setor para setor, para sua participação no financiamento de investimentos. Essa regra tem como objetivo aumentar o grau de comprometimento dos investidores com seus projetos, evitando que os riscos fiquem predominantemente com o setor público.
Mas, em um momento de grave crise, é razoável que o setor público assuma riscos maiores.
Nesse sentido, são surpreendentes os rumores que surgem do governo de que o modelo do setor elétrico será em pouco tempo revisto, reforçando a participação do setor privado.
É possível que o setor elétrico opere bem nas mãos do setor privado. Para isso, é preciso que existam regras bem definidas e horizontes de planejamento. Lamentavelmente nos últimos seis anos o governo foi incapaz de fazer isso.
Não se trata de propor o esbanjamento de recursos públicos em razão da crise de energia. Assim, o BNDES deve mostrar em que medida e em que prazo os investimentos que forem financiados poderão contribuir para atenuar a crise energética.


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