|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Quem?
RIO DE JANEIRO - Reclamam, por e-mail, que o cronista não está suficientemente indignado com a falta de decoro dos senadores ACM e Arruda.
Realmente, não estou nem estarei.
Minha posição pessoal sobre o caso já
foi expressa nesta coluna: renúncia
dos dois, voluntária e antes da cassação.
Não compreendo a onda moralizadora de parte da mídia e da população, que não poupou sequer a atitude
de Zélia Gattai, que é amiga de ACM
e tem o direito de gostar dele.
A onda de moral e de bons costumes está sendo dirigida para alvos errados. Afinal, quem está desgraçando a nossa vida? Os senadores? Uns
pelos outros, todos se salvam. ACM e
Arruda erraram, porque, em momento de irreflexão, mentiram à nação. Condena-se o pecado, perdoa-se
o pecador. É a base que sustenta todas as religiões e códigos morais da
condição humana.
Quem mais falta ao decoro, quem
mais tem mentido nesses seis anos do
governo de FHC? Quem prometeu,
duas vezes, em campanha eleitoral,
aumentar a oferta de energia e depois declarou que não sabia que a situação era grave? Quem vai condenar todos nós a viver em permanente
estado de tensão, sem saber se teremos luz numa emergência de saúde,
num acidente? Quem?
A última de FHC foi o desabafo na
reunião do seu partido no sábado último. Voltou a dizer que CPI da corrupção é recurso eleitoreiro da oposição. E o Avança Brasil e outros planos mirabolantes que ele divulga
quando se vê imprensado pela inércia de sua administração?
E o próprio discurso furibundo que
pronunciou, botando a culpa da corrupção e da crise de energia naqueles
que chama de detratores?
Não me considero detrator de Sua
Excelência. Condeno o grave pecado
que ele vem cometendo contra a nação. O pecador não me interessa, pode até ser boa-praça.
Agora, botar a culpa do apagão no
Janio de Freitas, no Lula, no Itamar é
dose que merece repúdio.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Não acaba nunca Próximo Texto: Roberto Mangabeira Unger: Aliados em Viena Índice
|