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CHANTAGEM NO FUTEBOL
Mais uma vez os dirigentes do
futebol brasileiro apostam na
confusão como método para fazer
prevalecer seus interesses. É o que se
depreende da decisão, anunciada anteontem pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pelo Clube dos
13, de suspender o andamento do
Campeonato Brasileiro, alegando
ser inviável colocar em prática a nova
legislação esportiva sancionada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
na semana passada.
O histórico da aprovação da chamada Lei de Moralização do Futebol
e do Estatuto do Torcedor, projetos
que datam do governo anterior, foi
marcado por diversas tentativas de
retrocesso por parte de dirigentes e
de seus representantes parlamentares -a assim conhecida "bancada
da bola". É indiscutível que o cerne
das novas leis constitui um avanço
tanto para a gestão do esporte quanto para o reconhecimento dos direitos do torcedor como consumidor.
Não parece, contudo, ser do interesse de grande parte dos dirigentes
que o futebol venha a ser tratado como aquilo que efetivamente é: uma
atividade econômica a ser regida pelas normas comerciais, com garantias mínimas de transparência e controle por parte da sociedade.
Os responsáveis pela gestão esportiva mostram-se, em sua maioria, refratários a dispositivos básicos, como a publicação de balanços auditados e a responsabilização de dirigentes por eventuais irregularidades
bem como danos ao patrimônio de
clubes e entidades. Muitos consideram inviáveis medidas tão prosaicas
como numerar os assentos nos estádios e publicar antecipadamente as
tabelas e os regulamentos das competições futebolísticas.
Se há divergências ou se há dificuldades para levar à prática algum aspecto da nova legislação, isso não
justifica de modo nenhum a chantagem que foi anunciar a suspensão da
mais importante competição de futebol do país -um campeonato que
envolve a paixão de multidões.
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