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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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CHANTAGEM NO FUTEBOL

Mais uma vez os dirigentes do futebol brasileiro apostam na confusão como método para fazer prevalecer seus interesses. É o que se depreende da decisão, anunciada anteontem pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pelo Clube dos 13, de suspender o andamento do Campeonato Brasileiro, alegando ser inviável colocar em prática a nova legislação esportiva sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada.
O histórico da aprovação da chamada Lei de Moralização do Futebol e do Estatuto do Torcedor, projetos que datam do governo anterior, foi marcado por diversas tentativas de retrocesso por parte de dirigentes e de seus representantes parlamentares -a assim conhecida "bancada da bola". É indiscutível que o cerne das novas leis constitui um avanço tanto para a gestão do esporte quanto para o reconhecimento dos direitos do torcedor como consumidor.
Não parece, contudo, ser do interesse de grande parte dos dirigentes que o futebol venha a ser tratado como aquilo que efetivamente é: uma atividade econômica a ser regida pelas normas comerciais, com garantias mínimas de transparência e controle por parte da sociedade.
Os responsáveis pela gestão esportiva mostram-se, em sua maioria, refratários a dispositivos básicos, como a publicação de balanços auditados e a responsabilização de dirigentes por eventuais irregularidades bem como danos ao patrimônio de clubes e entidades. Muitos consideram inviáveis medidas tão prosaicas como numerar os assentos nos estádios e publicar antecipadamente as tabelas e os regulamentos das competições futebolísticas.
Se há divergências ou se há dificuldades para levar à prática algum aspecto da nova legislação, isso não justifica de modo nenhum a chantagem que foi anunciar a suspensão da mais importante competição de futebol do país -um campeonato que envolve a paixão de multidões.


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