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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Quando for possível

RIO DE JANEIRO - Impressionante o número de reuniões plenárias do atual governo. A qualquer pretexto e, às vezes, sem pretexto nenhum, reúnem-se três dúzias ou mais de ministros e secretários de alto escalão com o presidente da República, cada qual tendo direito a falar dez minutos e, depois de tudo, o próprio presidente reclamar de que está trabalhando muito.
Não entendo como juntar de uma só vez os problemas do Ministério das Relações Exteriores com os do das Cidades, os dois com os do ministro de Minas e Energia, de quebra, o ministro da Cultura solicitando maiores verbas e o da Justiça explicando as coisas que pelo menos aqui no Rio não andam boas.
Reuniões assim são justificadas em emergências ou em agenda de semestre ou de ano. Mas a verdade é que criam notícia e fotos como se o governo ainda precisasse das duas coisas.
Sabe-se que uma das restrições feitas ao PT é a mania das assembléias, que podem ser necessárias a um partido, a uma empresa, a uma igreja dos filhos de Deus. Mas o governo, embora seja um todo, trabalha setorialmente. Cada pasta tem problemas específicos, que devem ser tratados de forma técnica, realmente executiva.
Fica difícil imaginar a atenção prestada pelo ministro da Saúde aos problemas do ministério da Aeronáutica, o interesse do ministro do Exterior pelos problemas das águas ou da reforma agrária. Tirante os responsáveis pela Economia e Planejamento, além dos ministros da Casa, que funcionam como peças vitais do Executivo, não se entende a massa de pessoas que tanto estão se reunindo para, em dez minutos, propor soluções esperadas há cinco séculos.
O presidente pedir relatórios é o que não falta. Nem há tempo para que sejam examinados a sério. Nem modo para serem tomadas quaisquer providências, além da promessa de tudo ser estudado e resolvido quando for possível.


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