São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2006

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Sem fôlego

AS VENDAS do comércio varejista brasileiro voltaram a revelar pouco fôlego em março. Foi o que apurou a Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Descontadas as oscilações típicas de cada mês, o volume de vendas do comércio recuou 0,1% sobre fevereiro.
Esse resultado é tanto mais significativo porque, em fevereiro, o desempenho do comércio no país havia sido decepcionante, com queda das vendas, na comparação com janeiro, de expressivos 4,1%.
Há aspectos, no entanto, que atenuam esse quadro desanimador. Uma ressalva importante é o fato de que segmentos específicos do varejo tiveram desempenho muito negativo em março, prejudicando o resultado do setor considerado como um todo.
Foi o caso dos combustíveis e dos lubrificantes, cujas vendas se mantêm em queda já há um bom tempo, como reflexo da alta mundial na cotação do petróleo. Outro grupo cujas vendas no varejo já vinham fraquejando e tiveram recuo expressivo em março foi o de tecidos, vestuário e calçados, resultado mais difícil de explicar, uma vez que os preços desses itens se mantêm bastante contidos.
Esses resultados sugerem que, se há segmentos cujas vendas no varejo ainda se mantêm dinâmicas -com destaque para os móveis e eletroeletrônicos, estimulados pela continuidade da expansão do crédito-, não está caracterizado um movimento de expansão forte e generalizada das vendas ao consumidor. Não existe nenhum sinal de explosão generalizada de demanda.
Essa constatação reforça a avaliação de que a aceleração da atividade econômica não é muito forte. Não a ponto de justificar uma moderação no ritmo, já comedido, com que o BC vem reduzindo a taxa básica de juros.


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