São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2006 |
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VINICIUS TORRES FREIRE Arqueologia do PCC
SÃO PAULO - Em março de 1993,
notas nesta Folha davam conta da
existência de comandos em presídios paulistas. Em agosto, ocorreria
o que se toma por fundação oficial
do PCC, fundação e manifesto noticiados neste jornal, mas em 1997.
Naquele março, carcereiros relatavam a existência do Comando 1
no anexo do presídio de Taubaté, o
"Piranhão". Durante um banho de
sol, presos do Comando mataram
dois "colegas", enforcados em fio de
náilon. Um dos homicidas, Misael
Aparecido da Silva, deu entrevista
ao jornal, assumiu o massacre e reivindicou esportes e fim das revistas
nas celas. Misael seria um dos sócios-fundadores oficiais do PCC.
Em 1995, motim no Presídio 1 de
Tremembé. Queriam visitas mais
longas, "fim das torturas" e a transferência de colegas presos no "Piranhão", entre eles Misael. Bilhetes
atirados para fora da cadeia listavam as reivindicações. Assinatura
dos bilhetes? "Comando Paulista".
Em 1996, 44% dos presos do "Piranhão" eram ex-amotinados de
outras cadeias. Foram juntados lá
por decisão do governo paulista.
Em 1997, o Ministério Público
investigava em sigilo o PCC. Um
preso denunciara o bando em carat
á Igreja Católica. O secretário dos
presídios de São Paulo, João Benedito Marques, dizia: "Esse PCC não
existe. É ficção absoluta. Sou secretário há quase dois anos e nunca vi
manifestação desse grupo".
Em 2001, o PCC rebelou 29 presídios. Em 2002, a polícia infiltra
presos no PCC e mata vários de
seus integrantes. O bando estava
"falido", diziam então chefes da polícia paulista. Em 2003, vem a onda
de assassinatos de policiais; como
agora, o governo paulista disse saber do risco de massacre. Como
agora, não avisaram seus soldados e
agentes.
Não viram que começou, não viram que não acabara. Inteligência?
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