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ELIANE CANTANHÊDE
Voando
BRASÍLIA - Em novembro, Lula
desautorizou o Comando da Aeronáutica e mandou os ministros da
Defesa e do Trabalho (?!) negociarem com os sargentos que lideravam a operação tartaruga no controle de tráfego aéreo como se sindicalistas fossem. Não são.
Em 30 de março, quando o movimento já era um sucesso e parou os
aeroportos de todo o país, Lula impediu que o novo comandante da
Aeronáutica, Juniti Saito, desse ordem de prisão aos controladores.
Em vez disso, despachou o ministro
do Planejamento para receber uma
lista de reivindicações.
Depois, Lula desfez o que tinha
feito e mandou o ministro de volta,
mais ou menos dizendo que, desculpem o mau jeito, mas houve um
equívoco e ninguém quer negociar
nada. Ou seja: devolveu o comando
ao comandante e deixou os controladores, que são da Aeronáutica,
não da Marinha, a ver navios.
Agora, depois do leite derramado,
dos brigadeiros batendo cabeça,
dos controladores mandando e desmandando, dos aeroportos caóticos, com a imagem do sistema no
fundo do poço, Lula dá uma guinada e faz o inverso: diz que está irritado com os controladores e determina que a Aeronáutica desça o pau
-com sete meses de atraso.
A situação, obviamente, está
muito pior e mais radicalizada do
que no início. Os controladores estão fortes e unidos. A Aeronáutica
tenta somar um IPM (Inquérito
Policial Militar), que é lentíssimo,
com prisões administrativas, que
podem ser bem rápidas. E os dois
lados estão com ódio um do outro.
Guerra, afinal, é guerra.
E esta está longe de acabar, porque um problema grave, no meio de
tantos, é que há um número muito
justo, apertado, de controladores.
Falar em demitir 50 de uma vez soa
como balela, porque simplesmente
não há como inventar um controlador da noite para o dia. A não ser,
claro, que alguém assuma esse risco. E quem vai assumir?
elianec@uol.com.br
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