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Sarkozy hiperativo
HÁ DOIS MESES no poder, o
presidente francês Nicolas Sarkozy já mostrou
sua disposição irrequieta. O estilo hiperativo era conhecido dos
franceses, mas parece ter-se intensificado com a Presidência.
Nesse curto período, o novo líder relançou o processo constitucional europeu e submeteu ao
Parlamento um ambicioso pacote de reformas -algumas, como
a isenção de impostos sobre horas extras, já foram aprovadas.
Além disso, Sarkozy abalou os
dois principais partidos de oposição, ao trazer para o governo figuras-chave dessas agremiações.
Os primeiros discursos e atitudes do presidente mostram que
estavam errados os analistas que
o pintavam como o primeiro
neoliberal a chegar ao Eliseu.
Sarkozy permanece um autêntico gaullista, que defende a economia de mercado sem abrir
mão de um Estado forte.
Suas reformas no plano tributário indicam uma redução da
carga fiscal. Além do alívio sobre
as horas extras, também propôs
a redução dos impostos sobre sucessão e grandes fortunas. Pretende compensar parte das perdas de receita com um aumento
dos tributos sobre o consumo.
A obra mais efetiva de Sarkozy
até aqui, porém, é a virtual implosão do Partido Socialista. Ele
a obteve nomeando baluartes da
legenda para importantes postos. O primeiro alvo foi Bernard
Kouchner, alçado a chanceler.
Jean-Pierre Jouyet ficou com o
posto de secretário de Estado para Assuntos Europeus.
Mais recentemente, Sarkozy
convidou Jack Lang para integrar a comissão de seu governo
encarregada de propor uma reforma constitucional e lançou o
nome de Dominique Strauss-Kahn, político socialista em ascensão, para dirigir o FMI.
Nicolas Sarkozy muda um paradigma da política da França,
onde as fronteiras ideológicas
entre os partidos sempre foram
muito nítidas.
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