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OS DILÚVIOS
Enxurradas excepcionais
varrem a Europa Central, e um
período de chuva de monções acima
do normal castiga o sudeste da Ásia.
Ontem mesmo, a Província chinesa
de Hunan decretou estado de emergência. Várias centenas já morreram
neste verão do hemisfério norte. Essa
situação torna a pergunta quase obrigatória: o planeta já está sofrendo as
consequências do efeito estufa? Apesar de premente, a questão não admite uma resposta singela, que comporte um "sim" ou um "não".
Antes de prosseguir, é preciso lembrar que as consequências de uma
inundação não se relacionam apenas
com o volume de água que se precipitou, mas também com a forma de
ocupação do solo. Muitas vezes, durante períodos relativamente longos
de seca, populações avançam sobre
várzeas acreditando que a área seja
segura. Na verdade, a região só parecia protegida. O desmatamento e a
urbanização de zonas ribeirinhas
também magnificam cheias.
Voltando ao efeito estufa, já não há
dúvida de que a ação do homem está
alterando o clima global. Uma das
principais razões é a queima de combustíveis fósseis, que libera CO2 na
atmosfera, o qual impede que parte
significativa da radiação solar que
chega à Terra volte para o espaço, o
que termina por aquecer o planeta.
O aumento médio das temperaturas, que poderá ser de até 6 C até
2100, tem importante impacto sobre
o regime de chuvas. Ainda assim, climatologistas não foram capazes de
demonstrar um vínculo entre as
inundações deste ano e o efeito estufa. Só que o fato de cientistas não terem encontrado prova de alguma relação não prova que ela não exista.
Diante de incertezas científicas, deve prevalecer o princípio da precaução, segundo o qual devemos atuar
para impedir que se concretizem as
piores consequências. No caso do
efeito estufa, provavelmente perderemos menos se reduzirmos as emissões de CO2 do que se deixarmos de
fazê-lo e acabarmos por colocar o clima terrestre em perturbação.
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