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ELIANE CANTANHÊDE
Enganei um bobo!
BRASÍLIA - Em carta ao "Painel do Leitor", o respeitado professor e economista Pérsio Arida disse ontem
que recebeu "com espanto" a informação de que estaria com um pé na
campanha de Ciro Gomes (PPS) e
que já teria até sido sondado para a
Fazenda.
Ex-presidente do BC e um dos "pais
do Real", Pérsio garante que não e
que nem tem contato com Ciro há
meses. Aliás, jura para os amigos que,
ganhe José Serra, Ciro Gomes, Lula,
Garotinho, Chico ou João, não quer
saber de cargos públicos.
A história lembra muito a campanha presidencial de 1989, quando
Fernando Collor espalhou que seus
ministros seriam Fernando Henrique
Cardoso, Adib Jatene, Hélio Jaguaribe e outros símbolos da elite intelectual. Só se esqueceu de um detalhe: de
avisar aos próprios interessados.
Fica evidente que Ciro, como Collor
em 89, tem muita empatia com o eleitorado, mas precisa conquistar densidade e credibilidade entre os formadores de opinião e dar um "upgrade"
ao conjunto da obra.
Usar o santo nome de Pérsio Arida
em vão é um expediente perigoso. Pode disfarçar ou, ao contrário, confirmar a sensação de que o candidato
está cercado de apoios avulsos e frágeis -além de conflitantes.
Ciro esculhamba a política neoliberal do governo há anos, mas o que difere o economista José Alexandre
Scheinkman de Armínio Fraga (BC)?
Talvez o fato de Scheinkman (já confirmado na equipe) ser essencialmente acadêmico e de Armínio já ter posto a mão na massa. Ponto.
Imaginar Pérsio Arida na Fazenda
e Scheinkman no Banco Central soa
quase tão esquizofrênico como o petista Aloizio Mercadante num cargo
e o pefelista Jorge Bornhausen no outro. Até por isso, Pérsio falou em "espanto", o senador Roberto Freire
(PPS) se diz em "estado de choque" e
todo mundo continua sem entender:
qual é mesmo o projeto Ciro? E quem
seria, ou será, sua equipe de governo?
Ciro Gomes tem reais chances de
vencer a eleição e subir a rampa do
Planalto. Por isso precisa já, com urgência, acabar com a sensação de que
isso é altamente inquietante.
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