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NEGOCIAR E IR EM FRENTE
Não chegaram a ser exatamente encorajadoras as palavras de Kenneth Rogoff, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, na última semana, acerca
da permanência da vulnerabilidade
da economia brasileira. Elas são, no
entanto, verdadeiras quando sugerem que o alto grau de endividamento do setor público não deixa muita
margem para que o país possa no
curto prazo "relaxar e ir em frente".
A receita que se depreende do discurso de Rogoff obviamente não foge dos padrões consagrados: manutenção de forte ajuste fiscal e crescimento sustentável por longo período. Curiosamente, no entanto, o economista aventou a hipótese de que o
país pudesse adotar soluções menos
convencionais, tendo mencionado
até mesmo a recuperação de economias que passaram por inúmeras
moratórias, como a da Espanha.
Rogoff negou-se a dar mais detalhes sobre a referência. Não parece,
contudo, que o economista do FMI
tenha desejado propor ao Brasil o caminho da heterodoxia, o que seria,
em seu caso, um contra-senso.
Há, no entanto, uma perspectiva
factível de reescalonamento da dívida
brasileira no cenário do novo acerto
que está sendo costurado com o
FMI. Não se trata de alarmar credores privados, mas de alongar os desembolsos devidos ao próprio Fundo, referentes ao último acordo.
O Brasil tem com a instituição um
cronograma de pagamentos para
saldar um montante de US$ 30 bilhões em quatro anos. Um entendimento que permitisse reescalonar
esses compromissos provavelmente
não permitiria ao país "relaxar e ir
em frente", como sugeriu Rogoff,
mas poderia representar um alívio
bastante bem-vindo.
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