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BOLSA POLÊMICA
Finalmente o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva conseguiu
anunciar anteontem a esperada unificação dos diversos programas de
renda mínima, medida que deverá
conferir maior racionalidade à concessão desses benefícios. O anúncio
contou até mesmo com a participação do presidente do Banco Mundial, diretamente de Washington,
por intermédio de um sistema de videoconferência. Não parecia programado, no entanto, o realismo do ministro do Planejamento, Guido Mantega, ao lembrar, antes da cerimônia,
que a quantia anunciada pelo presidente -R$ 5,3 bilhões- não estava
ainda assegurada.
A manifestação de Mantega tem
fundamento: parte dos recursos do
chamado Bolsa-Família, o novo rótulo que engloba os diversos programas, está sendo retirada do setor de
saúde, o que deve ocasionar fortes resistências no Congresso. O expediente é, no mínimo, polêmico. A
Constituição obriga que determinadas parcelas do Orçamento sejam
vinculadas à saúde, situação que tem
sido contornada com a interpretação
de que gastos correlatos, como os
destinados à alimentação, poderiam
ser entendidos como daquela área.
Não foi esse, certamente, o espírito
que norteou a emenda constitucional. Afinal, muitas coisas podem ser
relacionadas à saúde -por exemplo,
investimentos para combater a poluição ambiental.
É preciso, portanto, que os recursos dos programas de renda mínima
venham de outras fontes. Ontem
Mantega apressou-se em minimizar
o desconforto, afirmando que elas
serão encontradas. Tanto melhor,
uma vez que esses programas têm
desempenhado importante papel
compensatório numa sociedade ainda marcada por profundas desigualdades e com sérias dificuldades de
encontrar o caminho do crescimento
econômico e da oferta de emprego.
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