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IMAGEM CORRUPTA
O resultado do Índice de Percepções de Corrupção divulgado pela ONG Transparência Internacional não foi animador para o Brasil. O levantamento, que se baseia na
aplicação de questionários a empresas e organizações atuantes em diversos países, mostra que a imagem
brasileira, no que tange à corrupção,
pouco mudou desde 1998. O país recebeu a mesma pontuação do ano
anterior: 3,9, numa escala de 0 a 10,
em que 10 corresponde ao menor
grau da mazela. O Brasil tem à sua
frente 58 países percebidos como
menos corruptos de um total de 146.
A pesquisa deve ser vista com cautela, pois não são poucas suas restrições metodológicas. Ainda assim, é
significativo que os resultados sejam
compatíveis com um estudo do Banco Mundial, publicado em setembro,
segundo o qual 51% das empresas
brasileiras admitem ter subornado
funcionários do governo e 67,2%
vêem a corrupção como um obstáculo à atividade econômica.
Basta, na realidade, percorrer o noticiário -ou apenas viver no Brasil- para saber que a corrupção está
presente desde em situações corriqueiras, como a aplicação de multas
e a fiscalização de estabelecimentos,
até em casos envolvendo somas elevadas de dinheiro do contribuinte.
É certo que a conquista de um estágio mais ético não ocorrerá de uma
hora para outra e dificilmente será
fruto da atuação de um órgão, como
o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, recém-anunciado pelo governo federal.
É o combate cotidiano contra a cultura deletéria das comissões, dos
acordos espúrios e dos "jeitinhos",
aliado a ações sistemáticas que identifiquem os focos de corrupção e punam seus agentes, que poderá, ao
longo do tempo, mudar para melhor
essa persistente situação.
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