São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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IMAGEM CORRUPTA

O resultado do Índice de Percepções de Corrupção divulgado pela ONG Transparência Internacional não foi animador para o Brasil. O levantamento, que se baseia na aplicação de questionários a empresas e organizações atuantes em diversos países, mostra que a imagem brasileira, no que tange à corrupção, pouco mudou desde 1998. O país recebeu a mesma pontuação do ano anterior: 3,9, numa escala de 0 a 10, em que 10 corresponde ao menor grau da mazela. O Brasil tem à sua frente 58 países percebidos como menos corruptos de um total de 146.
A pesquisa deve ser vista com cautela, pois não são poucas suas restrições metodológicas. Ainda assim, é significativo que os resultados sejam compatíveis com um estudo do Banco Mundial, publicado em setembro, segundo o qual 51% das empresas brasileiras admitem ter subornado funcionários do governo e 67,2% vêem a corrupção como um obstáculo à atividade econômica.
Basta, na realidade, percorrer o noticiário -ou apenas viver no Brasil- para saber que a corrupção está presente desde em situações corriqueiras, como a aplicação de multas e a fiscalização de estabelecimentos, até em casos envolvendo somas elevadas de dinheiro do contribuinte.
É certo que a conquista de um estágio mais ético não ocorrerá de uma hora para outra e dificilmente será fruto da atuação de um órgão, como o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, recém-anunciado pelo governo federal.
É o combate cotidiano contra a cultura deletéria das comissões, dos acordos espúrios e dos "jeitinhos", aliado a ações sistemáticas que identifiquem os focos de corrupção e punam seus agentes, que poderá, ao longo do tempo, mudar para melhor essa persistente situação.


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