|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NELSON MOTTA
Som na caixa (registradora)
RIO DE JANEIRO - A música popular do Brasil é uma das melhores do
mundo. Certamente é nosso melhor
produto de exportação, é diversificada, bem acabada, competitiva nos
mercados mais exigentes. Internamente, abocanha 80% do mercado
de discos, não precisa de proteção.
Agora, músicos e autores, muito
bem intencionados, pedem uma
agência reguladora para a música.
Como as do petróleo, da energia e da
telefonia.
Como a música brasileira é tão boa,
tão forte e tão livre, o que mais precisa é que não a atrapalhem e que não
criem restrições ou cobrem mais impostos. Se não pagasse a enormidade
de impostos embutidos no custo final,
o disco poderia ser muito mais barato, poderia concorrer em melhores
condições com a pirataria.
Uma grande ajuda à produção musical no Brasil seria reduzir a carga
tributária sobre equipamentos de
som e computadores (por onde passa
toda a produção, mesmo acústica),
que pagam uma alíquota de importação maior do que comida de gato
graças à desastrosa reserva de mercado, que nos deixou para trás na corrida digital. Os equipamentos são muito piores que os estrangeiros e muito
mais caros.
Todos reclamam com razão da pirataria de discos, mas certamente a
maior parte dos programas que rodam nos computadores dos estúdios
são piratas (os impostos são proibitivos) e uma boa parte dos computadores é contrabandeada.
O Estado já come uma boa parte do
que a indústria da música e os músicos produzem. Mas será que a música
precisa de uma agência?
Talvez, desde que não seja para
criar regras, fiscalizações e punições.
Nem para que burocratas decidam
quem pode fazer o quê ou o que é melhor para produtores e consumidores.
Nem para torrar dinheiro público ou
cobrar mais impostos.
Fora isso, como dizia Tim Maia, o
resto vale.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Chegou a hora Próximo Texto: José Sarney: Onde a besta morreu Índice
|