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FERNANDO RODRIGUES
Três erros da oposição
BRASÍLIA - A votação do processo de
José Dirceu atrasa a cada manobra
governista. Por enquanto, só Roberto
Jefferson foi cassado. Duda Mendonça confessou um crime em 11 de agosto e apenas ontem a CPI pediu documentos ao embaixador dos EUA.
Se é possível resumir o ritmo das
apurações do "mensalão", a palavra
mais apropriada é desolação.
Por que se chegou a esse ponto? Várias razões. A mais relevante é a decisão do governo Lula de operar dentro
da mais tradicional lógica fisiológica
no Congresso. OK, é regra do jogo.
FHC fazia o mesmo e ganhou quase
tudo.
Mas é necessário registrar a esta altura a inépcia da oposição nos últimos meses. Os principais partidos anti-Lula, PSDB e PFL, cometeram três
erros graves ao longo do processo:
1) medo do impeachment - quando
Duda Mendonça confessou ter recebido dinheiro ilegal, no exterior, para
fazer as campanhas petistas em 2002,
as oposições se reuniram para decidir
o que não poderiam falar. Por exemplo: ninguém poderia insinuar a responsabilidade de Lula. Passou o
"momentum". Não se toca mais no
essencial: o presidente da República
era um inepto completo e não sabia
de onde vinha o dinheiro para sua
campanha milionária?;
2) tucanos sem asa - quando surgiu
o nome de Eduardo Azeredo entre os
beneficiários do valerioduto, o PSDB
se acovardou. Em vez de propor investigação sobre seu presidente nacional, o tucanato passou a fazer
ameaças bobas do tipo "não mexa
com a gente, senão...". O PSDB não é
um partido, mas um grupo de elite a
procura de uma causa;
3) fator imponderável - uma ajuda
para derrubar Severino Cavalcanti
era tudo o que o Planalto desejava da
oposição. Na eleição do sucessor, um
caos. Ingênuos, PFL e PMDB se dividiram. Deram a Câmara dos Deputados de presente para Lula.
Com uma oposição assim, Lula
nem precisa se esforçar tanto na fisiologia. Qualquer CPI vai dar quase
sempre em muito pouco.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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