São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Emergência na metrópole

A IDÉIA de que serviços de emergência como polícia, bombeiros e ambulâncias devem operar de forma integrada é auto-evidente. Surpreende, portanto, constatar que rivalidades e rixas históricas entre corporações distintas ainda impedem a coordenação.
Como mostrou José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, em artigo publicado pela Folha ontem, áreas metropolitanas gigantescas como as de São Paulo e Rio de Janeiro se ressentem da ausência de centros integrados para gerir crises urbanas.
Em certas situações, como no desabamento da futura estação Pinheiros do metrô, é preciso atender de forma concomitante a múltiplas demandas: esvaziar locais sob risco, prestar atendimento médico, isolar redes de energia e água, desviar o trânsito e até proteger propriedades de saqueadores e prestar assistência a parentes de vítimas. É uma tarefa que exige cadeia de comando inequívoca e comunicação fluida entre várias agências de governo e empresas privadas.
Lamentavelmente, estamos ainda muito longe do que poderia se chamar de colaboração mínima. Por conta de disputas corporativas, a Polícia Militar não tem um canal de comunicação comum com a Polícia Civil e a Guarda Metropolitana. O cidadão precisa decorar meia dúzia de telefones de emergência em vez de recorrer a um serviço unificado, como ocorre em todo o mundo civilizado e mesmo em alguns Estados brasileiros.
Os investimentos necessários para criar centros integrados de gestão de emergência são pequenos -basicamente a melhoria do sistema de comunicação- e se pagariam com a redução dos custos de manter estruturas duplicadas. A grande dificuldade é promover a mudança de cultura que leve burocratas a abrir mão de poder e corporações rivais a trabalhar em conjunto.


Texto Anterior: Editoriais: Certo, mas pouco
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: PAC, falar e fazer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.