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Emergência na metrópole
A IDÉIA de que serviços de
emergência como polícia,
bombeiros e ambulâncias
devem operar de forma integrada é auto-evidente. Surpreende,
portanto, constatar que rivalidades e rixas históricas entre corporações distintas ainda impedem a coordenação.
Como mostrou José Vicente
da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, em
artigo publicado pela Folha ontem, áreas metropolitanas gigantescas como as de São Paulo
e Rio de Janeiro se ressentem da
ausência de centros integrados
para gerir crises urbanas.
Em certas situações, como no
desabamento da futura estação
Pinheiros do metrô, é preciso
atender de forma concomitante
a múltiplas demandas: esvaziar
locais sob risco, prestar atendimento médico, isolar redes de
energia e água, desviar o trânsito
e até proteger propriedades de
saqueadores e prestar assistência a parentes de vítimas. É uma
tarefa que exige cadeia de comando inequívoca e comunicação fluida entre várias agências
de governo e empresas privadas.
Lamentavelmente, estamos
ainda muito longe do que poderia se chamar de colaboração mínima. Por conta de disputas corporativas, a Polícia Militar não
tem um canal de comunicação
comum com a Polícia Civil e a
Guarda Metropolitana. O cidadão precisa decorar meia dúzia
de telefones de emergência em
vez de recorrer a um serviço unificado, como ocorre em todo o
mundo civilizado e mesmo em
alguns Estados brasileiros.
Os investimentos necessários
para criar centros integrados de
gestão de emergência são pequenos -basicamente a melhoria do
sistema de comunicação- e se
pagariam com a redução dos
custos de manter estruturas duplicadas. A grande dificuldade é
promover a mudança de cultura
que leve burocratas a abrir mão
de poder e corporações rivais a
trabalhar em conjunto.
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