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CLÓVIS ROSSI
PAC, falar e fazer
ZURIQUE - À parte os indefectíveis elogios e as indefectíveis críticas ao tal PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como sempre ocorre com os pacotes econômicos, há nele um lado político positivo: muda o sinal que marcou o
primeiro mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O período 2003/06 foi caracterizado pela obsessão com a estabilidade. Nada contra a estabilidade.
Tudo contra obsessões. Envenenam quem as tem.
Agora, o sinal (político) enviado
pelo PAC é este: a estabilidade continua sendo um valor essencial, mas
é igualmente essencial acelerar o
crescimento. Ótimo.
O problema é que, como todo
mundo diz, e o próprio presidente
repete uma e outra vez, não há mágica em economia capaz de fazer o
crescimento se acelerar só porque
Lula e as torcidas de todos os times
brasileiros querem, fora um ou outro tarado. Por isso, é fundamental
que haja na ênfase no crescimento
pelo menos um pouco da obsessão
posta no primeiro mandato para
manter a estabilidade.
O que não pode acontecer é o que
houve com a violência no Rio. O
presidente, já no discurso de posse,
solenidade portanto carregada de
simbolismo, falou em "terrorismo".
Se tivesse com a violência o grau de
preocupação que o Banco Central
teve com a inflação, a Força Nacional de Segurança estaria nas ruas do
Rio no máximo três dias depois da
posse.
Nada. Passado um mês do surto
de ataques do crime organizado, só
agora a tal força (ainda por cima fraca em número de homens colocados à disposição do Rio de Janeiro)
entrou em ação.
Aí, envia-se o sinal errado, o de
que o governo fala muito, engrossa
a voz, mas faz pouco ou nada.
Aliás é uma característica de governos, e não apenas no Brasil: muita falação, pouca ação. O PAC é, talvez, a melhor chance de ver se o governo Lula faz ou só fala.
crossi@uol.com.br
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