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ELIANE CANTANHÊDE
PAC, e o governo começou
BRASÍLIA - Foi-se o tempo dos
pacotes antiinflação, começa a era
dos pacotes pró-desenvolvimento,
inaugurada ontem com o início do
segundo mandato de Lula, com 22
dias de atraso.
Para os entendidos, o tal pacote,
carinhosamente chamado de PAC,
contém muitos furos, alguns graves. O primeiro deles é que faltou
definir fontes reais de recursos para
tantas promessas. O segundo é que
há uma concentração dos interesses da União, e governadores de
oposição estão chiando. O terceiro é
que não saiu o esperado subsídio à
casa própria com o FGTS. O quarto
é a ausência de propostas de reforma tributária e de avanços na delicada questão da Previdência Social.
O quinto... bem, deixa pra lá. O objetivo é chegar a 4,5% neste ano e a
5% até 2010.
Abre-se uma nova esperança, que
tem meses para se consumir, até se
chegar a dezembro com uma meia
dúzia de explicações, mais ou menos convincentes, sobre o porquê,
infelizmente, que pena, o governo
não conseguiu atingir a meta. Afinal, entra governo, sai governo, acaba o primeiro mandato, vem o segundo e tem sido sempre assim. No
início, muitas promessas. No final,
muitas explicações.
O fato é que, apesar do nome,
apesar dos furos, apesar do tradicional ceticismo dos entendidos,
Lula conseguiu importante vitória
política ao reunir 20 governadores,
11 líderes partidários, os ministros e
finalmente dar uma resposta à
pressão, que vem de todos os lados,
sobre medidas para fazer o Brasil
crescer.
E Lula está finalmente liberado
para compor sua equipe de ministros, estabelecer hierarquias e restabelecer as relações do governo
com o Congresso, que foram péssimas no primeiro mandato e estão
no mínimo sofríveis no segundo.
Sem perspectiva de melhorar, nem
de piorar. Em resumo: as medidas
podem não ser lá essas coisas, mas
já são alguma coisa.
elianec@uol.com.br
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