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CARLOS HEITOR CONY
A fé e a montanha
RIO DE JANEIRO - Com razão ou
sem ela, o câncer é a besta negra
mais em evidência na sociedade
moderna. As causas são mais ou
menos conhecidas, desde a discutível hereditariedade até as tensões
profissionais e emocionais. Embora
oficialmente a ciência médica afirme e reafirme que não há ainda tratamento cem por cento eficaz, o que
não falta no mercado alternativo
são os remédios e práticas que
curam o que a medicina ainda considera incurável.
Em minha vida profissional de
jornalista, acompanhei dois casos
dessas práticas que, além de curar o
câncer, habilita o doente a uma
bem-aventurança social, resolvendo todos os seus problemas de relacionamento humano, do marido alcoólatra ao desemprego crônico.
Em Santa Isabel, a poucos quilômetros da capital paulista, vi coisas
estranhas no sítio de um tal Garrincha. Dezenas de ambulâncias trazendo doentes terminais de câncer
para a cura definitiva providenciada pelo rapaz. A multidão se reunia
diante de seu templo, entoava ladainhas católicas e pontos de macumba, de tempos em tempos ele
saía de sua toca e tocava os doentes
com a mão. Muitos se diziam instantaneamente curados, a maioria
esperava uma outra vez. Um professor de Niterói me cedeu um laudo (que publiquei na revista "Manchete" daquela semana) provando
que o tal Garrincha havia curado
um câncer pulmonar que resistira a
diversos tratamentos ortodoxos.
Em São Gonçalo (RJ), entrevistei
um cara que curava câncer com
uma rosa vermelha que ele passava
em cima da região afetada. Foi também matéria de uma reportagem
que fiz para aquela revista.
O Santo Daime, para alguns, também opera milagres que a ciência
oficial ignora. Pessoalmente, não
vejo vigarice nesses casos que citei.
Vejo ingenuidade ou desespero.
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