UOL




São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

O debate sai do armário

SÃO PAULO - A entrevista à Folha da economista Maria da Conceição Tavares enveredou por um atalho que pode encobrir o verdadeiro ponto da história: o que está em discussão, ao contrário do que dá a entender a entrevistada, não é focalização x universalização dos programas sociais.
A disputa de conceitos se dá, na verdade, em torno da política econômica no seu sentido mais amplo. Ou, posto de outra forma: o receituário até aqui seguido pelo governo do PT era (e continua sendo) o único possível? Ou, ao contrário, é uma armadilha da qual o governo nunca mais conseguirá se livrar?
Essa é a discussão que corria surda no PT, nos círculos acadêmicos próximos do partido e nas entidades sociais idem.
Era e é esse o debate de fundo entre os mal chamados "radicais" do partido e os ditos "moderados", e não as divergências sobre pontos, mesmo que essenciais, das reformas tributária e previdenciária.
Maria da Conceição apenas destapou a panela de pressão que zumbia no interior do governo, do partido e de seus inúmeros braços e companheiros de viagem.
Resta saber quem, agora, entra no ringue contra ou a favor da sempre vulcânica economista.
É até possível que a maioria dos petistas, dentro e fora do governo, prefira assobiar e olhar para o lado para evitar um tema que já era complicado por natureza e tornou-se constrangedor pela maneira como Maria da Conceição o tratou.
Não resolve coisa nenhuma fazer de conta que não há o mal-estar ou o debate surdo sobre a política econômica mais ou menos escancarado pela entrevista que a Folha publicou segunda-feira.
Cedo ou tarde, o PT terá de dizer o que quer ser quando crescer como governo. Quanto mais cedo, melhor.


Texto Anterior: Editoriais: ALERTA ASIÁTICO

Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: As mazelas da Argentina
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.