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RUY CASTRO
Notícias do fumacê
RIO DE JANEIRO - O lobby da
maconha cochilou e a informação
vazou. Em dezembro último, pesquisadores canadenses publicaram
um trabalho na revista "Chemical
Research Toxicology" afirmando
que a fumaça da Cannabis apresenta mais substâncias tóxicas que a do
tabaco comum. Um "baseado" conteria, por exemplo, uma quantidade
de amônia equivalente a 20 cigarros
comerciais.
Os níveis de cianeto de hidrogênio e de óxido nítrico -elementos
que os usuários do jereré nem imaginam existir, mas que afetam corações e pulmões- seriam de três a
cinco vezes superiores aos do cigarro comum. E o tremendo calor nas
guimbas que se fumam até o último
milímetro é alto indutor do câncer
de lábio e de língua. Sem falar em
que os fumantes passivos de maconha estão sujeitos aos mesmos riscos que os praticantes do fumacê.
Entendo e respeito o antitabagismo de pessoas que nunca fumaram
ou largaram o cigarro depois de décadas na ativa. Eu próprio deixei de
fumar há anos. Mas sempre achei
suspeita a aversão ao cigarro pelos
fumantes de maconha, sob o argumento de que esta seria inofensiva
porque "ninguém fuma 20 "baseados" por dia". Sabe-se agora que isso
nem é necessário. E, em última análise, o ato de queimar fumo e engolir
fumaça é o mesmo, não?
Na Grã-Bretanha, também desafiando o lobby, e em atenção aos
alertas dos agentes sanitários, o governo reclassificou a maconha na
lista de drogas perigosas, promovendo-a do grupo C (o dos remédios
"controlados", tipo Valium) para o
B, junto com as anfetaminas. Significa que, a partir de agora, os britânicos apanhados com a erva estarão
sujeitos a prisão e multa, não apenas apreensão.
Os aderentes à Marcha da Maconha, no próximo dia 4, em dez cidades brasileiras, fariam bem se dormissem sobre essas informações.
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