|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Vexame em Genebra
COUBE AO presidente do Irã,
que já pregou a aniquilação
de Israel e nega o Holocausto, abrir a Conferência contra o Racismo da ONU, em Genebra. Mahmoud Ahmadinejad,
em campanha para reeleger-se
em seu país no pleito de junho,
não desperdiçou a oportunidade
e renovou a provocação.
Israel, EUA e algumas outras
nações boicotaram a reunião.
Representantes europeus saíram da sala no auge dos despautérios propalados pelo líder persa. O Brasil -que no Conselho de
Direitos Humanos da ONU se
eximiu de condenar o regime genocida do Sudão e a ditadura
norte-coreana- ficou sentado.
No dia seguinte, porém, o Itamaraty publicou uma nota com
críticas ao discurso de Ahmadinejad. A fala do iraniano "diminui a importância de acontecimentos trágicos e historicamente comprovados, como o Holocausto". A observação, prossegue
a nota, será reiterada à delegação
de Ahmadinejad em sua visita ao
Brasil, marcada para 6 de maio.
O recuo, de todo modo bem-vindo, talvez seja sintoma de algum amadurecimento na diplomacia do governo Lula. A relação
com o Irã deveria ficar restrita à
abertura de canais de negócios
entre os dois países.
A economia iraniana, com 80%
das vendas externas dependentes de petróleo e gás, importa
quase tudo e tem a ganhar com a
diversidade da produção brasileira -e vice-versa. De cada US$
100 transacionados com o Irã em
2008, US$ 99 foram exportações
brasileiras, embora as trocas
com o país persa representem
apenas três milésimos do comércio externo do Brasil.
Fora das negociações calcadas
em interesses econômicos recíprocos, no entanto, a conduta do
Itamaraty deveria responder a
outros objetivos. Em nome do
compromisso da sociedade brasileira com a tolerância e a democracia, as imposturas de Mahmoud Ahmadinejad precisam,
nos locais e nos termos adequados, receber críticas.
Texto Anterior: Editoriais: Era só o que faltava Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Nossas "coisas", "coisas" deles Índice
|