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CLÓVIS ROSSI
Nossas "coisas", "coisas" deles
SÃO PAULO - Do deputado Jovair
Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, sobre a divulgação de gastos
de deputados pela internet: "Não
quero ser obrigado a colocar minhas coisas na internet".
Suas coisas, uma ova, deputado.
Todas as "coisas" relativas ao seu
mandato são de propriedade do público. Você é apenas o representante do eleitor, não o dono das "coisas", dinheiro incluído.
Mas é essa mentalidade porca
que leva aos privilégios de que gozam os pais da pátria, que já são
imorais, e, pior, ao abuso até dos
privilégios imorais. Para os nobres
parlamentares, não há abuso, posto
que as "coisas" são deles, e cada um
faz o que quiser de suas "coisas".
Aí vem o deputado ACM Neto
(DEM-BA) com a comprovação de
que todo mundo, no Congresso,
acha que as "coisas" são dos congressistas, tanto que afirma, com a
cara-de-pau típica, que "a Casa toda
fez", em alusão ao abuso na utilização de passagens aéreas (ele é um
dos abusadores, pois viajou com a
mulher para Paris).
À cara-de-pau o deputado soma a
calhordice de achar que "a imprensa quer fechar o Congresso".
Diga-se que a família Magalhães
entende de fechamento de Congresso: ele é apenas o mais jovem
membro de uma dinastia que
apoiou gostosamente a ditadura
militar, que, esta sim, quis -e conseguiu- fechar o Congresso mais
de uma vez.
À falta de memória do jovem Magalhães soma-se a mentira. Quem
quer fechar o Congresso são os próprios congressistas. Primeiro porque se tornaram absolutamente
inúteis, na medida em que são meros carimbadores de iniciativas do
Executivo. Segundo porque tudo o
que produzem, cotidianamente, é
essa imoral confusão entre as "coisas" do público e as "coisas" deles,
parlamentares.
Só se nota que o Congresso está
aberto é pelo noticiário policial que
produz.
crossi@uol.com.br
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