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VALDO CRUZ
Silêncio
BRASÍLIA - Quando alguém está em apuros, é comum ouvirmos aquele
batido adágio: quem não deve não
teme. É uma forma de mostrar segurança e tranquilidade, mas que nem
sempre reflete a realidade.
É o que parece estar acontecendo
com os tucanos diante das denúncias
que envolvem duas personagens ligadas ao pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
Em público, o tucanato diz que devem ser investigadas todas as acusações contra Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra, e
contra Gregorio Marin Preciado,
contraparente e ex-sócio do senador.
O primeiro é citado em vários casos
nebulosos. Como o da cobrança de
propina na venda da Vale. O segundo teria sido beneficiado pelo primeiro e teria ganhado uma redução de
suas dívidas no Banco do Brasil.
Bom, sob as luzes dos holofotes, o
discurso é mesmo de que não há nada a esconder, de que tudo não passa
de manobras para prejudicar o candidato José Serra. Pode até ser.
Mas, nos bastidores, está em curso
uma operação abafa. Na terça-feira,
os governistas agiram rápido e, no último minuto de uma sessão da Câmara, derrubaram os depoimentos
de Ricardo Sérgio e de Gregorio Marin na CPI do Banespa.
Se realmente não têm nada a temer, por que então fazer um ataque
surpresa e impedir os dois empresários de falar na CPI?
Agora, os governistas ficam desautorizados de reclamar daqueles que
lançam suspeitas sobre os dois empresários e sobre as suas relações com
o candidato tucano. Afinal, em vez
de contribuírem para esclarecer o caso, procuram acobertá-lo.
O que não é de hoje, por sinal. Desde o início das acusações contra Ricardo Sérgio, o Planalto escalou amigos para convencer o ex-caixa de
campanha a ficar em silêncio. Com
sucesso, até agora.
Por falar em silêncio, o mais enigmático de todos é o de Benjamin
Steinbruch, outro citado no caso da
propina da Vale. Deve ter lá mil razões para ficar de boca fechada.
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