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Fronteiras confusas
EM MAIS um exemplo de confusão entre Estado, governo
e partido, a administração
petista está promovendo uma
explosão de sindicalizações entre trabalhadores rurais que beneficia principalmente a CUT,
central sindical que mantêm vínculos históricos com o PT.
As verbas do Pronaf (Programa
Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar) foram
multiplicadas por cinco na atual
gestão e, para ter direito aos empréstimos fortemente subsidiados, é preciso provar a condição
de trabalhador rural. O governo
oferece dois modos de fazê-lo.
Um é obter certidão emitida por
uma Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). Só que essas empresas, dos
governos estaduais, pouco
atuam. O outro caminho é obter
a declaração de um sindicato.
O resultado dessa combinação
é duplamente favorável ao governo. De um lado, o aumento
das sindicalizações fortalece a
CUT. Dos 3.490 sindicatos hoje
filiados à central, 1.272 (36%) já
são de agricultores. De outro, um
contingente crescente de trabalhadores rurais está sendo beneficiado com verbas que poderão
chegar a R$ 10 bilhões neste ano,
o que tende a favorecer o governo nas eleições. A título de comparação, o orçamento do Bolsa-Família, vedete eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
é de R$ 8,7 bilhões neste ano.
É natural que trabalhadores se
organizem em sindicatos e que a
agricultura familiar receba apoio
estatal. O que é lamentável, porém, é verificar que o modelo de
financiar essa atividade beneficia os governantes de turno e
seus amigos.
Num sindicalismo saudável,
centrais crescem quando conseguem promover melhores negociações e oferecer melhores serviços a seus filiados. No sindicalismo petista, a CUT cresce servindo de intermediária na liberação de verbas públicas.
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