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VALDO CRUZ
Teste de sintonia
BRASÍLIA - Dia de mercado financeiro agitado ontem -dólar disparando, Bolsa despencando. Resultado: a calmaria na economia
ameaçada no ano da eleição.
Pode ser o primeiro teste para a
nova equipe econômica do presidente Lula. Sua sorte é que a economia hoje está mais forte e não deve
enfrentar crise igual à de 2002,
quando a inflação disparou.
Seu lado fraco é que não anda
muito sintonizada. Ministério da
Fazenda e Banco Central se estranham desde a posse de Guido Mantega -apesar dos esforços de ambos
para demonstrar cordialidade.
Os diretores do banco não contam com a mesma proteção dos
tempos de Antonio Palocci. Recebem indiretas publicamente do ministro da Fazenda, que monta uma
equipe de críticos da política monetária.
Reclamam, nos bastidores, de terem sido atropelados por Mantega
no anúncio de mudanças cambiais,
apesar de concordarem com elas. A
margem de influência em outras
áreas, então, desapareceu.
No caso do aumento de gastos,
por exemplo, os diretores do BC são
contra. Mas não têm o que fazer. E
não teriam mesmo, comentou com
eles o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato: "Em ano eleitoral, é assim em todo o mundo".
Na próxima semana, num tema
em que decide sozinho, o banco deve reduzir o ritmo da queda dos juros -em vez de 0,75 ponto percentual, o corte tende a ser de 0,50. Se
não for menor ainda, caso o nervosismo no mercado piore.
Aí, a dissintonia com Mantega
pode ser completa -e assim fica até
o final de 2006. Nesse ano, mesmo a
contragosto, ninguém na diretoria
do BC deve pedir o boné.
Mas, se Lula ganhar um segundo
mandato, Meirelles e Mantega não
continuam no mesmo barco.
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