São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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VALDO CRUZ

Teste de sintonia

BRASÍLIA - Dia de mercado financeiro agitado ontem -dólar disparando, Bolsa despencando. Resultado: a calmaria na economia ameaçada no ano da eleição.
Pode ser o primeiro teste para a nova equipe econômica do presidente Lula. Sua sorte é que a economia hoje está mais forte e não deve enfrentar crise igual à de 2002, quando a inflação disparou.
Seu lado fraco é que não anda muito sintonizada. Ministério da Fazenda e Banco Central se estranham desde a posse de Guido Mantega -apesar dos esforços de ambos para demonstrar cordialidade.
Os diretores do banco não contam com a mesma proteção dos tempos de Antonio Palocci. Recebem indiretas publicamente do ministro da Fazenda, que monta uma equipe de críticos da política monetária.
Reclamam, nos bastidores, de terem sido atropelados por Mantega no anúncio de mudanças cambiais, apesar de concordarem com elas. A margem de influência em outras áreas, então, desapareceu.
No caso do aumento de gastos, por exemplo, os diretores do BC são contra. Mas não têm o que fazer. E não teriam mesmo, comentou com eles o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato: "Em ano eleitoral, é assim em todo o mundo".
Na próxima semana, num tema em que decide sozinho, o banco deve reduzir o ritmo da queda dos juros -em vez de 0,75 ponto percentual, o corte tende a ser de 0,50. Se não for menor ainda, caso o nervosismo no mercado piore.
Aí, a dissintonia com Mantega pode ser completa -e assim fica até o final de 2006. Nesse ano, mesmo a contragosto, ninguém na diretoria do BC deve pedir o boné.
Mas, se Lula ganhar um segundo mandato, Meirelles e Mantega não continuam no mesmo barco.


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