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Idéia certa na hora errada
AS NEGOCIAÇÕES de paz entre Israel e a Síria são a
idéia certa no momento
errado. A iniciativa, mediada pelo premiê turco, Recep Tayyip
Erdogan, merece, é claro, todo
apoio da comunidade internacional, mas há motivos de sobra
para crer que, dadas as condições
em que surge, tenha poucas
chances de prosperar.
Trazer a Síria para o campo dos
países árabes moderados, ao lado
do Egito e da Jordânia, seria um
passo decisivo para pacificar a
região. Hoje, é o eixo Damasco-Teerã que dá apoio material e logístico aos grupos extremistas
Hizbollah -que torna o Líbano
uma panela de pressão prestes a
explodir- e Hamas -que vem
frustrando um acerto definitivo
entre israelenses e palestinos.
A aliança entre a Síria e o Irã,
porém, é circunstancial. O presidente Bashir al Assad, ao contrário de seu homólogo iraniano, é
um pragmático. Em troca de
uma recompensa adequada, pode ser convencido a cortar a ajuda dada aos radicais. Debilitados,
Hizbollah e Hamas se veriam
compelidos a negociar.
O prêmio exigido por Assad é
conhecido: a devolução das colinas de Golã, tomadas por Israel
na guerra de 1967, e a retirada do
país da lista de Estados párias,
condição que vem levando os sírios a perder inúmeras oportunidades de negócios.
O problema com a iniciativa é
seu "timing". Conversações entre israelenses e sírios não são
inéditas, mas o processo estava
paralisado havia oito anos. Foram retomadas agora mais por
constituírem uma oportunidade
diversionista para o premiê israelense, Ehud Olmert, do que
por suas virtudes intrínsecas.
Olmert está seriamente encrencado com a lei. Ele é investigado num escândalo de financiamento ilegal de campanha e não
são pequenas as chances de que
seu governo caia. Não bastasse
isso, mais da metade dos israelenses é contrária à devolução do
Golã, que considera vital para a
defesa do país.
A esperança de Olmert -e dos
que desejam o avanço do processo de paz- é que as conversações
evoluam e acabem por restituir a
credibilidade do premiê. É difícil, ainda que não impossível.
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