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VALDO CRUZ
Lulinha, paz e civilidade
BRASÍLIA - A não ser que surjam
fatos novos e comprometedores,
tudo indica que se frustrou a primeira tentativa de inimigos explícitos e enrustidos de fragilizar uma
eventual candidatura de Dilma
Rousseff em 2010.
A CPI dos Cartões perdeu gás e
ruma para um fim melancólico. Nada muito diferente do que se poderia imaginar, já que, como bem lembrou Clóvis Rossi, todo mundo ali
era farinha do mesmo saco.
Caminho liberado, então, para
Dilma tocar sua vida e construir sua
candidatura, com a bênção de Lula?
Talvez sim, mas é bom lembrar que
as pedras no seu caminho não se resumem a dossiês.
Um interlocutor próximo de Lula
diz que ele não é de apostar todas as
fichas num alvo só. Lembra, por
exemplo, que, nos últimos dias, o
presidente pisou no freio da candidatura Dilma. Por dois motivos. Um
a favor, outro nem tanto.
Primeiro, Lula sentiu que ela tinha virado a bola da vez da oposição
e avaliou que era preciso preservá-la. Segundo, Dilma poderia ficar
forte demais e gerar atritos desnecessários dentro do governo.
Segundo um amigo de Lula, a ministra é, realmente, seu nome preferido para 2010. O presidente, porém, anda sinalizando internamente que tem dúvidas sobre a viabilidade da candidatura de Dilma.
A vantagem para Lula, nesse caso, é que sua chefe da Casa Civil só
existe por causa dele. E ela sabe disso. Se achar que a ministra não vai
decolar, não enfrentará nenhum
problema em retirá-la do xadrez da
sua sucessão.
Não por outro motivo, Lula vai, a
cada momento, fazendo seus acenos na direção de outros nomes, como Ciro Gomes e Aécio Neves, enquanto rema a canoa de Dilma. Sem
falar nos gestos de boa vontade para
com José Serra.
Lula não esconde de ninguém
que seu objetivo é evitar que o tucano paulista ganhe em 2010. Mas,
como o seguro morreu de velho, se
ele ganhar, quer garantir uma transição civilizada e uma vida de ex-presidente em paz.
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