São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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VALDO CRUZ

Lulinha, paz e civilidade

BRASÍLIA - A não ser que surjam fatos novos e comprometedores, tudo indica que se frustrou a primeira tentativa de inimigos explícitos e enrustidos de fragilizar uma eventual candidatura de Dilma Rousseff em 2010.
A CPI dos Cartões perdeu gás e ruma para um fim melancólico. Nada muito diferente do que se poderia imaginar, já que, como bem lembrou Clóvis Rossi, todo mundo ali era farinha do mesmo saco.
Caminho liberado, então, para Dilma tocar sua vida e construir sua candidatura, com a bênção de Lula? Talvez sim, mas é bom lembrar que as pedras no seu caminho não se resumem a dossiês.
Um interlocutor próximo de Lula diz que ele não é de apostar todas as fichas num alvo só. Lembra, por exemplo, que, nos últimos dias, o presidente pisou no freio da candidatura Dilma. Por dois motivos. Um a favor, outro nem tanto.
Primeiro, Lula sentiu que ela tinha virado a bola da vez da oposição e avaliou que era preciso preservá-la. Segundo, Dilma poderia ficar forte demais e gerar atritos desnecessários dentro do governo.
Segundo um amigo de Lula, a ministra é, realmente, seu nome preferido para 2010. O presidente, porém, anda sinalizando internamente que tem dúvidas sobre a viabilidade da candidatura de Dilma.
A vantagem para Lula, nesse caso, é que sua chefe da Casa Civil só existe por causa dele. E ela sabe disso. Se achar que a ministra não vai decolar, não enfrentará nenhum problema em retirá-la do xadrez da sua sucessão.
Não por outro motivo, Lula vai, a cada momento, fazendo seus acenos na direção de outros nomes, como Ciro Gomes e Aécio Neves, enquanto rema a canoa de Dilma. Sem falar nos gestos de boa vontade para com José Serra.
Lula não esconde de ninguém que seu objetivo é evitar que o tucano paulista ganhe em 2010. Mas, como o seguro morreu de velho, se ele ganhar, quer garantir uma transição civilizada e uma vida de ex-presidente em paz.


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