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Editoriais
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Um Maracanã de distorções
A FACILIDADE com que organizações de eventos esportivos recorrem ao erário para resolver seus problemas
promove distorções como a do
Maracanã. Depois de consumir
R$ 300 milhões em obras entre
1999 e 2007 para adequar seu
complexo esportivo e abrigar os
Jogos Panamericanos, é provável que o Estado do Rio tenha de
gastar mais dinheiro remodelando o estádio para a Copa de 2014.
Além disso, o projeto prevê a
demolição do parque aquático
Júlio Delamare, erguido ao custo
de R$ 10 milhões. As autoridades
fluminenses consideram que falta qualidade ao parque. Em
2007, era tido como exemplar.
A iniciativa do governo estadual de abrir licitação para entregar as instalações por 35 anos
a um concessionário privado, a
princípio, corrige boa parte dessas distorções perdulárias e deve
ser apoiada. Mas as minutas do
edital de licitação e do contrato
de parceria público-privada, cuja
consulta pública se encerrou na
sexta, deixavam brechas para
que o Estado banque parte dos
R$ 430 milhões que estima serem necessários na readaptação.
No pior cenário, sem vencedor
da licitação, os cofres públicos
arcarão com toda a despesa.
A realização competente de
uma Copa trará ao Brasil, ao Estado e à cidade do Rio benefícios
que compensarão o capital aplicado. O evento em si já é suficiente para motivar investidores
particulares, que decerto experimentarão enorme retorno.
Já ao Estado cabe se responsabilizar por questões bem mais
amplas do que o eterno jogo de
construir e destruir protagonizado pelo poder público com o dinheiro de contribuintes.
O ideal é dispensar a participação do erário no projeto. Empenhar recursos copiosos numa
obra que pode ser absorvida por
agentes privados é um notório
desperdício.
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