São Paulo, sábado, 23 de maio de 2009

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Editoriais

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Um Maracanã de distorções

A FACILIDADE com que organizações de eventos esportivos recorrem ao erário para resolver seus problemas promove distorções como a do Maracanã. Depois de consumir R$ 300 milhões em obras entre 1999 e 2007 para adequar seu complexo esportivo e abrigar os Jogos Panamericanos, é provável que o Estado do Rio tenha de gastar mais dinheiro remodelando o estádio para a Copa de 2014.
Além disso, o projeto prevê a demolição do parque aquático Júlio Delamare, erguido ao custo de R$ 10 milhões. As autoridades fluminenses consideram que falta qualidade ao parque. Em 2007, era tido como exemplar.
A iniciativa do governo estadual de abrir licitação para entregar as instalações por 35 anos a um concessionário privado, a princípio, corrige boa parte dessas distorções perdulárias e deve ser apoiada. Mas as minutas do edital de licitação e do contrato de parceria público-privada, cuja consulta pública se encerrou na sexta, deixavam brechas para que o Estado banque parte dos R$ 430 milhões que estima serem necessários na readaptação.
No pior cenário, sem vencedor da licitação, os cofres públicos arcarão com toda a despesa.
A realização competente de uma Copa trará ao Brasil, ao Estado e à cidade do Rio benefícios que compensarão o capital aplicado. O evento em si já é suficiente para motivar investidores particulares, que decerto experimentarão enorme retorno.
Já ao Estado cabe se responsabilizar por questões bem mais amplas do que o eterno jogo de construir e destruir protagonizado pelo poder público com o dinheiro de contribuintes.
O ideal é dispensar a participação do erário no projeto. Empenhar recursos copiosos numa obra que pode ser absorvida por agentes privados é um notório desperdício.


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