|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Ciro, erros e acertos
BRASÍLIA - Ciro Gomes despejou
palavrões a granel na Câmara no dia
22 do mês passado. Negava o uso de
dinheiro público na compra de passagens aéreas internacionais para
sua mãe. Nesta semana, a TAM soltou uma nota na qual assume um
erro operacional.
Segundo a companhia aérea,
houve uma inversão inadvertida de
faturas na hora de emitir as passagens de Ciro Gomes e de sua mãe
num mesmo voo para Nova York. O
bilhete do deputado aparece como
tendo sido pago por ele. O de sua
mãe caiu na conta da Câmara. O
certo seria o oposto.
O episódio ficou esclarecido, mas
revelou-se mais um indesculpável
descontrole gerencial quando se
manipula dinheiro público.
A TAM demorou um mês até
identificar um erro banal. A Câmara não tinha registros para esclarecer o caso. E Ciro Gomes não mantinha documentos acessíveis para
debelar o mal entendido.
Antes da publicação do fato, no
mês passado, o deputado foi procurado. Preferiu não responder. Se tivesse dito "por favor, espere um dia
enquanto eu verifico meus arquivos", a história teria sido outra.
Cada deputado federal tem R$ 60
mil por mês para contratar funcionários no gabinete em Brasília. A
Câmara emprega cerca de 15 mil
servidores. Ninguém foi capaz de
apresentar papéis com rapidez para
explicar como foi comprada uma
única passagem aérea.
Pode-se argumentar que até sistemas gerenciais rígidos são passíveis de falhas. É verdade. Mas na
Câmara -e no Senado- esse tipo
de deslize é a praxe, não a exceção.
Por fim, tomado da indignação
dos justos, Ciro soltou aqueles vitupérios todos. Sabe-se agora que ele
não fez parte da farra das passagens. Foi vítima de um modelo administrativo caótico. Mas, registre-se, um sistema cuja existência é de
responsabilidade direta de Ciro e
dos outros 512 deputados.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: De heróis, ideias e cansaço Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Grandes Zés Índice
|