São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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CLÓVIS ROSSI

De tijolos e globalização

SÃO PAULO - Quinta-feira é o dia que vai deixar um pouco mais claro o panorama da economia norte-americana -ou, talvez, mais escuro.
É a data prevista para a divulgação de dados a respeito de venda de casas. Qual é a importância desse número? Simples: até agora, a disposição do consumidor norte-americano para continuar indo às compras está muito mais vinculada ao mercado imobiliário do que aos Dow Jones e Nasdaqs da vida.
Explica a revista "The Economist", no seu endereço eletrônico: "Com as taxas hipotecárias no ponto mais baixo em décadas e com o preço das casas subindo a um ritmo constante, muitos proprietários de casas mudam seu financiamento, de forma a tirar vantagem de taxas mais baixas, e, no processo, usam parte do dinheiro levantado dessa maneira para gastar em bens de consumo".
Acrescenta a revista que há evidências de que a alta do preço de imóveis teve mais impacto no consumo do que a alta do preço das ações.
Se os dados de quinta-feira mostrarem que também esse boom está com os dias contados, é mais que razoável supor que a economia real norte-americana -a que gera bens, salários e empregos muito mais que a Bolsa- sentirá o impacto.
Por extensão, é óbvio que os problemas não só nos Estados Unidos, mas no resto do mundo, se tornarão ainda mais dramáticos.
O diabo é que, nesse tipo de coisa, não existe globalização que dê jeito. Não há ação de qualquer país, ainda mais periféricos, como o Brasil, que possa ajudar (ou atrapalhar) o comportamento do mercado imobiliário nos Estados Unidos.
Resta ao Brasil torcer para que os números não sejam desfavoráveis. Não parece ser um papel relevante no mundo globalizado, mas é tudo o que está disponível.



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