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CLÓVIS ROSSI
De tijolos e globalização
SÃO PAULO - Quinta-feira é o dia que vai deixar um pouco mais claro o
panorama da economia norte-americana -ou, talvez, mais escuro.
É a data prevista para a divulgação
de dados a respeito de venda de casas. Qual é a importância desse número? Simples: até agora, a disposição do consumidor norte-americano
para continuar indo às compras está
muito mais vinculada ao mercado
imobiliário do que aos Dow Jones e
Nasdaqs da vida.
Explica a revista "The Economist",
no seu endereço eletrônico: "Com as
taxas hipotecárias no ponto mais
baixo em décadas e com o preço das
casas subindo a um ritmo constante,
muitos proprietários de casas mudam seu financiamento, de forma a
tirar vantagem de taxas mais baixas,
e, no processo, usam parte do dinheiro levantado dessa maneira para
gastar em bens de consumo".
Acrescenta a revista que há evidências de que a alta do preço de imóveis
teve mais impacto no consumo do
que a alta do preço das ações.
Se os dados de quinta-feira mostrarem que também esse boom está com
os dias contados, é mais que razoável
supor que a economia real norte-americana -a que gera bens, salários e empregos muito mais que a
Bolsa- sentirá o impacto.
Por extensão, é óbvio que os problemas não só nos Estados Unidos, mas
no resto do mundo, se tornarão ainda mais dramáticos.
O diabo é que, nesse tipo de coisa,
não existe globalização que dê jeito.
Não há ação de qualquer país, ainda
mais periféricos, como o Brasil, que
possa ajudar (ou atrapalhar) o comportamento do mercado imobiliário
nos Estados Unidos.
Resta ao Brasil torcer para que os
números não sejam desfavoráveis.
Não parece ser um papel relevante no
mundo globalizado, mas é tudo o que
está disponível.
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