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CHANCES PARA O TERROR
O relatório final da comissão bipartidária dos EUA que
investiga os ataques de 11 de Setembro não traz boas notícias para o presidente George W. Bush. De acordo
com o documento, o governo perdeu
pelo menos dez "oportunidades
operacionais" que poderiam, em
princípio, ter resultado no desmantelamento do complô que levou ao
maior atentado terrorista nos EUA.
O fato de quatro dessas ocasiões terem ocorrido sob a administração de
Bill Clinton não ameniza muito a situação de Bush. Afinal, sob sua gestão foram seis as oportunidades perdidas de frustrar os ataques, que, afinal acabaram ocorrendo quando ele,
e não Clinton, estava no comando.
Em favor do presidente deve-se dizer que o conceito de "oportunidade
operacional perdida" é algo capcioso. Retrospectivamente, é até fácil
apontar erros. Bem mais difícil é reconhecer alguns indícios num turbilhão de informações e colocá-los
juntos de modo a detectar a ameaça
terrorista. Como disse Thomas
Kean, o presidente da comissão,
houve falhas de "política, operação,
capacitação e, principalmente, de
imaginação".
Entre as oportunidades desperdiçadas estão, por exemplo, a falha da
CIA ao deixar de colocar os nomes de
dois dos seqüestradores de aviões na
lista de suspeitos de terrorismo.
Convenha-se que teria sido preciso
alguma sorte para que um evento como esse levasse de fato as autoridades a impedir o ataque. O mesmo se
pode dizer das fracassadas tentativas
da CIA de assassinar Osama bin Laden, também listadas no relatório
como oportunidades perdidas.
A verdade é que os terroristas não
precisam acertar sempre para cumprir seus funestos desígnios. A rigor,
basta que atinjam o seu alvo em algumas oportunidades, enquanto as
forças de segurança, para proclamar
seu êxito, teriam de ser 100% eficientes, o que parece ser uma impossibilidade prática.
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