São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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CHANCES PARA O TERROR

O relatório final da comissão bipartidária dos EUA que investiga os ataques de 11 de Setembro não traz boas notícias para o presidente George W. Bush. De acordo com o documento, o governo perdeu pelo menos dez "oportunidades operacionais" que poderiam, em princípio, ter resultado no desmantelamento do complô que levou ao maior atentado terrorista nos EUA.
O fato de quatro dessas ocasiões terem ocorrido sob a administração de Bill Clinton não ameniza muito a situação de Bush. Afinal, sob sua gestão foram seis as oportunidades perdidas de frustrar os ataques, que, afinal acabaram ocorrendo quando ele, e não Clinton, estava no comando.
Em favor do presidente deve-se dizer que o conceito de "oportunidade operacional perdida" é algo capcioso. Retrospectivamente, é até fácil apontar erros. Bem mais difícil é reconhecer alguns indícios num turbilhão de informações e colocá-los juntos de modo a detectar a ameaça terrorista. Como disse Thomas Kean, o presidente da comissão, houve falhas de "política, operação, capacitação e, principalmente, de imaginação".
Entre as oportunidades desperdiçadas estão, por exemplo, a falha da CIA ao deixar de colocar os nomes de dois dos seqüestradores de aviões na lista de suspeitos de terrorismo. Convenha-se que teria sido preciso alguma sorte para que um evento como esse levasse de fato as autoridades a impedir o ataque. O mesmo se pode dizer das fracassadas tentativas da CIA de assassinar Osama bin Laden, também listadas no relatório como oportunidades perdidas.
A verdade é que os terroristas não precisam acertar sempre para cumprir seus funestos desígnios. A rigor, basta que atinjam o seu alvo em algumas oportunidades, enquanto as forças de segurança, para proclamar seu êxito, teriam de ser 100% eficientes, o que parece ser uma impossibilidade prática.


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