São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Tolices diplomáticas

BRUXELAS - A exclusão do embaixador José Alfredo Graça Lima da chefia da delegação brasileira nas negociações desta semana com a União Européia é uma tremenda bobagem. Bons profissionais deveriam jogar sempre em qualquer time.
Graça Lima é um notável profissional e negociador.
Como o episódio está sendo dado por encerrado, na medida em que houve a reiteração da confiança para que permaneça como embaixador na União Européia, a bobagem pode até ser corrigida adiante.
Bobagem maior é tentar caracterizar o episódio como uma vingança do atual comando diplomático contra os negociadores do período Fernando Henrique Cardoso.
A cronologia dos fatos desmente redondamente a ridícula versão: Graça Lima deixou o comando de todas as negociações comerciais brasileiras exatamente no governo FHC, quando foi designado um representante especial para o Mercosul, idéia a que se opôs e que o levou a trocar Brasília por Bruxelas.
Foi no governo FHC, portanto, que deixou o comando de TODAS as negociações (na OMC, na Alca, no Mercosul, com a Europa) para passar a participar apenas da última delas, como embaixador em Bruxelas, da qual nem é o coordenador.
Se alguma vingança tivesse de ser praticada contra a anterior administração seria, então, no sentido de chamar Graça Lima de volta.
Até porque Celso Amorim, atual chanceler, teria sido o ministro mesmo que José Serra, o candidato de FHC, ganhasse a eleição.
Como parece não haver coragem para atacar Amorim, outro tremendo profissional, fica-se com a mentirosa picuinha de atribuir todos os males da diplomacia brasileira ao assessor diplomático da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e ao secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.
Como se o presidente da República e seu chanceler fossem dois bobinhos que só servem para marionete de seus subordinados. Ridículo.


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