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CLÓVIS ROSSI
Tolices diplomáticas
BRUXELAS - A exclusão do embaixador José Alfredo Graça Lima da chefia da delegação brasileira nas negociações desta semana com a União
Européia é uma tremenda bobagem.
Bons profissionais deveriam jogar
sempre em qualquer time.
Graça Lima é um notável profissional e negociador.
Como o episódio está sendo dado
por encerrado, na medida em que
houve a reiteração da confiança para
que permaneça como embaixador na
União Européia, a bobagem pode até
ser corrigida adiante.
Bobagem maior é tentar caracterizar o episódio como uma vingança
do atual comando diplomático contra os negociadores do período Fernando Henrique Cardoso.
A cronologia dos fatos desmente redondamente a ridícula versão: Graça
Lima deixou o comando de todas as
negociações comerciais brasileiras
exatamente no governo FHC, quando foi designado um representante
especial para o Mercosul, idéia a que
se opôs e que o levou a trocar Brasília
por Bruxelas.
Foi no governo FHC, portanto, que
deixou o comando de TODAS as negociações (na OMC, na Alca, no Mercosul, com a Europa) para passar a
participar apenas da última delas,
como embaixador em Bruxelas, da
qual nem é o coordenador.
Se alguma vingança tivesse de ser
praticada contra a anterior administração seria, então, no sentido de
chamar Graça Lima de volta.
Até porque Celso Amorim, atual
chanceler, teria sido o ministro mesmo que José Serra, o candidato de
FHC, ganhasse a eleição.
Como parece não haver coragem
para atacar Amorim, outro tremendo profissional, fica-se com a mentirosa picuinha de atribuir todos os
males da diplomacia brasileira ao assessor diplomático da Presidência,
Marco Aurélio Garcia, e ao secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.
Como se o presidente da República
e seu chanceler fossem dois bobinhos
que só servem para marionete de seus
subordinados. Ridículo.
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