São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Ilegal, sórdido e malfeito

BRASÍLIA - Não sei se seria correto dizer que não se fazem mais espiões como antigamente, mas alguns dos contratados pela Kroll para investigar a Telecom Itália (como revelou Márcio Aith, ontem, na Folha) fizeram boas trapalhadas. Uma delas é quase uma comédia: foi quando três espiões, dois homens e uma mulher, seguiram pelas ruas do Rio o homem errado. Eles queriam o ex-presidente do BNDES Andrea Calabi, que trabalhava para empresas privadas nessa área de telefonia. Mas acabaram seguindo o então presidente do Banco Central, Armínio Fraga. As coincidências: os dois estavam em solenidades diferentes no Copacabana Palace e têm o mesmo tipo físico. Uma descrição apressada de "um sujeito baixo, meio gordinho, meio careca e de barba" cabe como uma luva tanto em Calabi quanto em Armínio. Os espiões deram de cara com Armínio cercado de gente e de microfones e não tiveram dúvida. Um sujeito meio careca por um sujeito meio careca deu no mesmo. Quem desconfiou da moto seguindo o carro foi o motorista de Armínio. Avisou a sede do BC, que acionou a polícia. O cara foi em cana e contou que ele e seus parceiros estavam espionando... a vítima errada. Soube-se assim que, na guerra da telefonia, havia algo no ar além de aviões de carreira. Mas não se falou mais nisso. Até que Aith enfim conta a verdadeira história: quem acabou caindo na rede da Kroll foram funcionários do primeiro escalão do atual governo federal. Até e-mails do ministro Luiz Gushiken e contas do presidente do BB, Cássio Casseb, entraram na roda. Para Gushiken, tudo isso é "ilegal e sórdido". Tem toda a razão. Agora é saber o que fazer para não empurrar a ilegalidade e a sordidez para debaixo do tapete.
 
De Furlan, sobre Dirceu coordenar a Câmara de Política de Desenvolvimento Econômico: "Não sou político, não disputo eleição, não preciso de holofote. Só chuto a bola para os outros fazerem o gol".


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