São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Parto artificial

A NOTÍCIA de que sobe o percentual de partos cesarianos na rede de saúde privada agrava uma distorção que já inspirava cuidados. Em 2004, a taxa era de 79%. Em 2008, aumentou para 84,5%, de acordo com números da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
São índices que fogem do razoável. Na rede pública, a proporção é de 31%. Em países ricos, as taxas ficam abaixo de 30%. A Organização Mundial da Saúde recomenda no máximo 15%.
Uma explicação para o caso da rede privada é a conveniência de parte dos médicos, que opta pela cesariana, procedimento mais rápido do que o parto normal.
Há dados a sugerir que essa escolha tem contribuído para elevar a quantidade de nascimentos prematuros. Além disso, estudos mostram que riscos de morte materna e de problemas respiratórios nas crianças são mais altos nesse tipo de parto.
Os números atestam que foram inócuas as ações governamentais destinadas a corrigir a situação. Campanhas foram realizadas, incluiu-se o índice de cesarianas entre os critérios de avaliação das operadoras de saúde e os planos passaram a cobrir o parto feito por enfermeiro.
Ao que tudo indica, a modificação desse quadro exigirá medidas mais profundas, que vão desde a formação universitária até a criação de centros de referência privados com estruturas que facilitem o parto normal.
É claro que não se deve perder de vista o direito da mulher de optar, salvo em caso de risco à saúde, pelo procedimento que considerar mais adequado. A cesariana é uma cirurgia cada vez mais simples. Se bem realizada, no momento certo, a recuperação é rápida e sem traumas.
Um aspecto que desperta apreensão são indícios de que algumas mulheres são induzidas na hora de optar. Uma pesquisa da Fiocruz com 430 gestantes no Rio mostrou que, no início da gravidez, mais de 70% declaravam preferir parto normal, mas apenas 10% o realizaram.


Texto Anterior: Editoriais: Efeito saudável
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: De alfinetes e ameaças
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.