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CLÓVIS ROSSI
Em busca de candidato
MONTEVIDÉU - Cruzei na noite de terça-feira com dois reluzentes nomes do "business" tupiniquim que
vieram a Montevidéu para uma reunião com seus congêneres uruguaios
e cujas identidades preservo.
Tentei fazer perguntas, velho e insuperável hábito profissional, mas
nem tive tempo para sacar do coldre
a primeira questão. Um depois do
outro, os empresários perguntaram o
que deveriam fazer no segundo turno
da eleição presidencial brasileira (ficou claro, embora implícito, que, no
primeiro turno, estão com José Serra
e não abrem).
Disse-lhes que, perdidas as ilusões
de que alguém consiga resolver os
problemas da pátria no que me resta
de vida útil, passei a votar pragmaticamente (ou fisiologicamente, dirão
os inimigos, com certa razão): o candidato que me oferecer a melhor
chance de atender o telefone, se e
quando eu telefonar para o Palácio
do Planalto, leva meu voto.
Não resolve os problemas do país,
mas resolve o meu, que é o de obter
informações e/ou opiniões e repassá-las para o leitor.
Acrescentei que nenhum dos quatro candidatos principais me assusta,
diferentemente do que ocorria na
eleição de 1989, na qual Fernando
Collor era, visivelmente, um perigo
público e, não obstante, tivera o
apoio em massa do empresariado.
Não creio que meu critério de seleção de candidato entusiasme empresários. Eles historicamente tiveram
acesso fácil ao rei e nada leva a crer
que será diferente a partir de 2003.
Não é por aí que se inquietam.
Mas a conversa foi muito reveladora do estado de ânimo dos homens de
negócio. A grande maioria tem um
candidato (Serra), mas parece já não
acreditar nas suas chances. E, embora Luiz Inácio Lula da Silva ainda
lhes provoque urticária, já não o rejeitam tanto quanto antes a ponto de
sustentarem qualquer anti-Lula que
se apresente.
Por fim, não conseguem confiar em
Ciro Gomes o suficiente para votar
nele ou para apoiá-lo.
Parece uma situação inédita -e rica do ponto de vista político.
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