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ELIANE CANTANHÊDE
Disputa pelo espólio
BRASÍLIA - Como informo sobre o namorico do PT com FHC e o PSDB
desde o ano passado, e até fui ironizada por alguns colunistas, vou começar agora a fazer o caminho inverso e a dar uma de advogado do diabo.
FHC deu a largada e se mantém na
linha de aproximação com Lula, mas
FHC é um presidente em fim de mandato, e o PSDB é um partido de olho
no futuro. Ou, mais explicitamente: o
governo passa, mas o partido fica.
Uma aliança PSDB-PT é bastante
difícil, mesmo que só tácita, porque:
1) tucanos do governo federal têm
uma mágoa enorme do tratamento
que receberam dos petistas durante
os anos FHC; 2) petistas de administrações estaduais e municipais têm
uma mágoa enorme dos tucanos. Especialmente em São Paulo.
De um tucano: "Como posso apoiar
o PT? Eles deveriam ter sido os nossos
principais aliados em questões como
a reforma agrária e a educação, mas
foram nossos principais algozes. E
quantas vezes nos chamaram de ladrões? Eles sabem que não somos".
De um petista: "Como fazer aliança
com o PSDB, se aqui em São Paulo os
tucanos são a tropa de choque contra
a Marta Suplicy?".
É por isso que Tasso Jereissati é o
homem-chave de Ciro Gomes agora e
será no seu eventual governo. Faz a
ponte da candidatura não só com setores financeiros e empresariais mas
também com amplos setores tucanos.
Ele quer assumir a liderança do
PSDB. E o presidente do PPS, Roberto
Freire, tenta arrancar neutralidade
do próprio FHC no segundo turno.
A cisão dos tucanos pode chegar ao
próprio governo, como insinua Ciro.
Dos sete participantes da reunião
com FHC na segunda, ele garante
que tem o voto de cinco. Três são óbvios: Mangabeira Unger, Mauro Benevides Filho e o próprio Ciro. E os
outros dois? Já que FHC tem queda
por Lula, as suspeitas recaem sobre
Malan, Armínio ou Euclides Scalco,
secretário-geral da Presidência, fundador do PSDB e hoje sem partido.
É o racha do governo entre Ciro e
Lula. A não ser que os três façam como Pérsio Arida e mandem carta para o "Painel do Leitor".
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