São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003 |
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FERNANDO RODRIGUES Ritmo alterado
BRASÍLIA - É um sinal importante a dificuldade enfrentada pelo governo
para aprovar o texto da reforma tributária na comissão especial que
analisa o tema na Câmara.
Uma ou duas semanas de atraso
não são quase nada na tramitação
de uma emenda constitucional. Ainda assim, é nítida uma certa alteração do ritmo dentro do Congresso.
Nada que possa significar uma crise.
Só que está diferente.
O ciclo político no Brasil é perverso.
O mandato do presidente tem quatro
anos, mas só os primeiros 12 meses
são úteis para aprovar temas polêmicos. Nesse período inicial, o Congresso permite quase tudo. Do congelamento de preços ao bloqueio das contas de poupança e até a aprovação da
reforma da Previdência.
Como setembro está quase aí, chega
quase ao fim esse período fértil para o
Executivo passear no Legislativo.
É consenso que o texto aprovado
ontem para a reforma tributária na
comissão especial é uma peça de ficção. Será derrubado se for assim para
o plenário da Câmara.
Cada vez mais fica claro que as
concessões de Lula nessa sua segunda
reforma terão de ser de caráter muito
mais profundo do que no caso da
Previdência -que terminou melhor
do que começou.
O essencial para o governo é a perpetuação da CPMF e a renovação da
DRU (Desvinculação das Receitas da
União), que permite o uso mais flexível de verbas federais.
Deputados do PFL e do PSDB votaram em bloco contra o projeto tributário ontem. No plenário, sem eles a
reforma tributária não passa.
Todas as previsões sobre as reformas estão se confirmando. A Previdência passaria. Passou. A tributária
emperraria. Emperrou. Próximo vaticínio: o fisiologismo vem aí.
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