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PEDÁGIO NAS CIDADES
Parece correta e oportuna a
disposição do Ministério das
Cidades de propor uma lei que permita aos municípios implantar o pedágio urbano. É uma questão de
tempo até que grandes centros, liderados por São Paulo, tenham de adotar essa prática. Se o fizerem sem o
amparo de uma legislação federal, a
medida poderia ser facilmente derrubada pela via do Judiciário.
O pedágio urbano é uma proposta
bastante polêmica. Todo prefeito
tende a fazer o que estiver a seu alcance para não ter de adotá-la, mas é
mais ou menos um consenso entre
especialistas que, mais dia, menos
dia, não haverá alternativa senão cobrar para que carros particulares circulem em determinadas áreas.
Alguns até acreditam que o efeito
da restrição sobre a fluidez do trânsito será tão positivo que a população
aplaudirá a medida. Citam o caso de
Londres, onde o pedágio foi implantado em meio a muitas dúvidas, mas
é hoje fortemente apoiado pelos munícipes. É bem verdade que não existe termo de comparação entre a qualidade do transporte público de Londres e o de São Paulo. As receitas do
pedágio, contudo, poderiam ser direcionadas especificamente para melhorar o sistema de metrô e ônibus.
A objeção de que não seria justo
impor uma nova taxa à população
não procede. Ela já arca com esse
custo, ainda que de forma não explícita. É o caso do rodízio municipal de
veículos. Os endinheirados já dispõem de um segundo carro para
contornar a proibição. Outros passam tempo extra no trabalho no dia
em que estão impedidos de circular
no horário de pico. Tudo isso são
custos, ainda que não tenham clara
expressão financeira.
Podemos continuar fingindo que
as lentíssimas obras do metrô e a
construção de mais alguns corredores de ônibus vão dar conta do problema, mas isso não é verdade. O
que está faltando são prefeitos com
coragem de falar francamente com a
população para explicar a realidade e
implementar o pedágio urbano.
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