São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2005

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PEDÁGIO NAS CIDADES

Parece correta e oportuna a disposição do Ministério das Cidades de propor uma lei que permita aos municípios implantar o pedágio urbano. É uma questão de tempo até que grandes centros, liderados por São Paulo, tenham de adotar essa prática. Se o fizerem sem o amparo de uma legislação federal, a medida poderia ser facilmente derrubada pela via do Judiciário.
O pedágio urbano é uma proposta bastante polêmica. Todo prefeito tende a fazer o que estiver a seu alcance para não ter de adotá-la, mas é mais ou menos um consenso entre especialistas que, mais dia, menos dia, não haverá alternativa senão cobrar para que carros particulares circulem em determinadas áreas.
Alguns até acreditam que o efeito da restrição sobre a fluidez do trânsito será tão positivo que a população aplaudirá a medida. Citam o caso de Londres, onde o pedágio foi implantado em meio a muitas dúvidas, mas é hoje fortemente apoiado pelos munícipes. É bem verdade que não existe termo de comparação entre a qualidade do transporte público de Londres e o de São Paulo. As receitas do pedágio, contudo, poderiam ser direcionadas especificamente para melhorar o sistema de metrô e ônibus.
A objeção de que não seria justo impor uma nova taxa à população não procede. Ela já arca com esse custo, ainda que de forma não explícita. É o caso do rodízio municipal de veículos. Os endinheirados já dispõem de um segundo carro para contornar a proibição. Outros passam tempo extra no trabalho no dia em que estão impedidos de circular no horário de pico. Tudo isso são custos, ainda que não tenham clara expressão financeira.
Podemos continuar fingindo que as lentíssimas obras do metrô e a construção de mais alguns corredores de ônibus vão dar conta do problema, mas isso não é verdade. O que está faltando são prefeitos com coragem de falar francamente com a população para explicar a realidade e implementar o pedágio urbano.


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