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CLÓVIS ROSSI
Dívida, economia e hipocrisia
SÃO PAULO - É hipócrita a disseminada discurseira em favor de "blindar" a economia para evitar a contaminação pela crise.
Hipocrisia porque não há razão para proteger o desempenho da economia. É fácil demonstrar: todo mundo
está cansado de saber que o Brasil foi
o país que mais cresceu no mundo de
1900 a 1973. "Hoje passamos a ser o
93º (em crescimento econômico)", diz
Paulo Cunha (grupo Ultra) para a
revista "Desafios do Desenvolvimento", editada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas.
Paulo Cunha vem a ser uma das
melhores cabeças do país.
O empresário defende o que chama
de "binômio mágico, que produziu o
milagre econômico alemão do pós-Guerra, que foi utilizado no Japão na
década de 60 e, agora, está produzindo o milagre na Ásia: câmbio alto e
juro baixo". Não por acaso, o oposto
do que se faz no Brasil.
Não é culpa só do governo Lula, diga-se, mas de sucessivas administrações, que, como a atual, encalharam
na mediocridade.
Pretender blindar um desempenho
econômico que está entre os piores do
planeta seria renunciar a transformar em país esse aglomerado amorfo
chamado Brasil.
Vire-se agora o foco para o social e
tem-se que a política econômica do
tucanato, a mesma que é seguida pelo petismo, é incapaz de produzir alterações, a não ser microscópicas, nas
duas feridas mais feias da pátria: a
pobreza e a desigualdade.
Blindar um desempenho econômico e social desse tipo é cruel, além de
perpetuar a mediocridade.
Portanto, vamos deixar de hipocrisia e dizer com todas as letras o que
de fato se pretende: não é blindar a
economia em bloco, mas assegurar
que a dívida continuará a ser religiosamente paga, sangre o que sangrar.
Nada contra (nem a favor), mas chega de vender como amor à pátria o
que é puro interesse.
@ - crossi@uol.com.br
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